Postado em 10 de fevereiro de 2023 às 6h14Atualizado em 10 de fevereiro de 2023 às 8h45
“Reunião”. Catherine Colonna, a ministra das Relações Exteriores, abandonou o mandato durante sua visita de 48 horas ao Brasil. A primeira para um membro do governo francês desde o insulto sofrido pelo seu antecessor, Jean-Yves Le Drian, há três anos (Jair Bolsonaro foi cortar o cabelo para não o receber) e a troca de armas entre Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro na região amazônica. Já para não falar das declarações insultuosas feitas pelo presidente de extrema-direita e pela sua comitiva em relação ao casal presidencial francês…
Mas tudo isso ficou no passado. A ministra das Relações Exteriores e da Europa relembra “a alegria de nos reencontrarmos” e elogia o Brasil hoje, “um parceiro que amamos”… Ela mostra “uma nova ambição” de “lançar um novo dinamismo” e disse ao lado de seu homólogo brasileiro Mauro Vieira: “e buscando a reaproximação.
“Defenda a democracia quando ela estiver sob ataque.”
Basicamente, Catherine Colonna confirma que a França fará a sua contribuição para o Fundo Amazônia, que é utilizado para financiar atividades de combate às mudanças climáticas, mesmo que o tamanho desta contribuição ainda não tenha sido determinado. Ela confirmou isso a Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e uma das figuras mais proeminentes do governo.
Um mês e um dia depois de uma tentativa de rebelião contra o poder estabelecido em Brasília, Catherine Colonna insistiu na importância de “defender a democracia quando ela for atacada ou ameaçada” e de “combater a manipulação e a desinformação”.
Não há avanços no acordo entre União Europeia e Mercosul
E com Lola, que a recebeu na tarde de quarta-feira, o fluxo começou a fluir. Trata-se de lançar as bases para “visitas mútuas”, como dizem aqueles que rodeiam o ministro. Emmanuel Macron convidou seu homólogo brasileiro para participar da Cúpula do Novo Pacto Financeiro Global em Paris, em junho, e deverá vir ao Brasil para participar da Cúpula da Amazônia ainda este ano. Uma fonte diplomática afirma: “Há um desejo muito forte do presidente Macron de vir ao Brasil, a fim de trabalhar “por uma globalização mais abrangente”. A França já apoia a candidatura do Brasil para organizar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em 2025, em Belém, em a região amazônica.
Lula tornou-se um aliado tão importante que a diplomacia francesa minimizou as divergências sobre a Ucrânia. Quando Catherine Colonna afirma que “a Ucrânia tem o direito de se defender”, a sua homóloga brasileira responde dizendo: “Não seremos capazes de resolver o conflito com armas”. Poucos progressos foram feitos no acordo comercial UE-Mercosul, e menos ainda na questão da adesão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (cujos termos Lula parece querer renegociar).
“Lula não deveria quebrar a casa.”
Porém, alguns empresários franceses estão satisfeitos com esta aproximação entre Paris e Brasília. Bolsonaro fez de tudo para piorar a situação. Os relacionamentos existentes nos permitem nutrir novas esperanças. Estamos todos felizes. Mas ainda temos que ficar atentos, porque Lula não começou tão bem como esperávamos em termos de política económica.
Outros até parecem um tanto perturbados, em particular, pela lua de mel com Lola. “O relançamento da parceria nos deixa um tanto otimistas, mas Bolsonaro possibilitou a modernização das empresas. Lula não deveria derrubar a casa”, afirma outro líder empresarial.