Uma sonda da empresa norte-americana Intuitive Machines aterrou na superfície da Lua, quinta-feira, e enviou um sinal que foi o primeiro do género a uma empresa privada, e a primeira aterragem de um dispositivo norte-americano em mais de 50 anos.
No entanto, o sinal recebido foi fraco e a posição do módulo de pouso não ficou imediatamente clara.
“Podemos confirmar sem dúvida que nosso equipamento está na Lua e que estamos enviando um sinal”, disse Tim Crane, diretor da Intuitive Machines, durante o vídeo ao vivo da empresa.
O horário previsto para o pouso na Lua era às 17h23, horário de Houston, Texas, onde fica a sala de controle da empresa (18h23, horário de Quebec).
O módulo de pouso Nova-C, que carrega especificamente os instrumentos científicos da NASA, tem pouco mais de quatro metros de altura. A espaçonave decolou na semana passada da Flórida e entrou na órbita lunar na quarta-feira.
O terrível pouso durou cerca de uma hora.
Os lasers do módulo de pouso que normalmente permitem que o dispositivo se oriente não funcionaram, mas as equipes da Intuitive Machines conseguiram usar como substituto o instrumento de bordo da NASA, que só estava programado para ser testado durante a missão.
Cerca de dez minutos antes do momento da aterragem, um grande impulso do motor travou o Nova-C, preparando-o para uma descida final, verticalmente, de uma altura de 30 metros. O pouso foi então totalmente independente.
Neste momento, uma pequena máquina equipada com câmeras, desenvolvida pela Embry-Riddle Aeronautical University, será ejetada da Lua para capturar o grande momento do lado de fora.
O Nova-C deve reduzir sua velocidade de 1.800 metros por segundo para um metro por segundo quando seus dois metros tocam o solo.
Este é o primeiro pouso de uma sonda americana na superfície lunar desde o fim do lendário programa Apollo em 1972.
A Índia e o Japão conseguiram recentemente aterrar lá graças às suas agências espaciais nacionais, tornando-se o quarto e quinto países a fazê-lo, depois da União Soviética, dos Estados Unidos e da China.
Mas várias empresas – israelitas, japonesas e americanas – não conseguiram até agora reproduzir o mesmo feito.
A Rússia também perdeu a oportunidade de pousar na Lua neste verão.
Pólo Sul Lunar
O local visado pela Intuitive Machines está localizado a cerca de 300 quilômetros do pólo sul da Lua. A cratera que servirá de plataforma de pouso chama-se Malapert A, em homenagem ao astrônomo do século XVII.
O Pólo Sul lunar é interessante porque lá existe água na forma de gelo que pode ser explorada. A NASA quer enviar seus astronautas para lá a partir de 2026 em missões Artemis. Para se preparar para estas tarefas em particular, procura estudar de perto esta área.
Para fazer isso, está usando seu novo programa chamado CLPS (que significa Commercial Lunar Payload Services). Em vez de desenvolver navios para a própria Lua, a agência espacial dos EUA contratou empresas privadas para transportarem o seu equipamento científico para lá.
A Intuitive Machines é uma das empresas selecionadas e o valor do contrato celebrado com a NASA para esta primeira missão, denominada IM-1, é de 118 milhões de dólares.
O objetivo é reduzir os custos gerais de agência, para poder fazer a viagem repetidamente, mas também para desenvolver a economia lunar. Isto apesar do risco de fracasso.
A primeira missão do programa, liderada pela empresa americana Astrobotic, não conseguiu chegar à Lua no mês passado.
Sete dias de atividade
O módulo lunar Intuitive Machines, um exemplo usado nesta missão chamada Odysseus, também transporta seis cargas especiais. Entre elas: esculturas do artista contemporâneo Jeff Koons representando as fases da lua.
Os seis instrumentos científicos da NASA concentram-se em observações preliminares desta região ainda a ser explorada.
Câmeras colocadas sob a Lua analisarão a quantidade de poeira lançada durante o pouso, a fim de compará-la com o pouso da Apollo na Lua.
Outro dispositivo estudará o plasma lunar (uma camada de gás eletricamente carregado) e medirá ondas de rádio vindas do Sol e de outros planetas.
Alimentada pelos seus painéis solares, a sonda Odysseus deverá operar durante cerca de sete dias a partir do momento em que aterra, antes do anoitecer no pólo sul da Lua.