Edna: Uma Oração pela Amazônia

Edna: Uma Oração pela Amazônia

As trilhas sonoras dos créditos podem ser traduzidas por duas onomatopeias: “cui cui” e “vroum”. É o suficiente para resumir cinquenta anos de história do Brasil – e da Terra. No começo existe a floresta. Depois vêm as serras, as estradas e a produção industrial, enfim, esse deserto biológico se chama progresso e se caracteriza pelo enriquecimento de uma minoria e empobrecimento de outras.

Nascida em 1950, Edna Rodriguez de Souza é a sétima filha de uma família de sete pessoas que o pai abandonou. Viva a política de ocupação das terras amazônicas implementada pela ditadura militar dos anos 1970: desmatamento, confisco de terras e abertura de estradas. Ela resistiu aos invasores, participou da guerra de guerrilhas no Araguaia, foi presa e torturada. Ela carrega as “cicatrizes da guerra” em seu corpo, cicatrizes que a atormentam ainda hoje.

No final de sua vida, Edna escreveu em um caderno suas memórias, as memórias de seus amigos, de seus pais e de todos os que não estavam mais lá. Na narração, como uma canção interna, ela evoca essas imagens do passado que compõem a história de sua vida. Esses feitiços, essas convocações, essas obsessões são ditas sem medo ou raiva. Eles geralmente constituem aqueles que se apaixonaram pela liberdade e igualdade enquanto seus assassinos ainda o são. Irmãos e irmãs foram assassinados, torturados até a morte, presos ou desaparecidos. Se eles pagam por seu compromisso com suas vidas, eles reforçam a coragem de outras pessoas. Ou como um seguidor da teologia da libertação: “Se Jesus voltar, ele quer morrer. Ele era o rei de nosso mundo, não seu dono”. Edna, porta-voz da maior empresa ZAD do planeta, vê o invisível e expressa por meio de sua voz os fantasmas da Amazônia.

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Amarelo brilhante

Eric Rocha cuida do visual do filme cheio de graça que dedica ao lutador. A trilha sonora está intimamente envolvida na narrativa, misturando pregação de 50 anos com vacas rugindo ao fogo cruzado de tiros na agitação. A imagem é em preto e branco, como um luto, mas contém todas as cores, as que foram, as que são, as que seriam, do preto grave ao verde esmeralda da floresta. finalmente, Edna Abre na cor. Para absorver o amarelo deslumbrante da flor, para celebrar a extração de madeira esplêndida e o incêndio criminoso. “Eu sonho em ir para outro lugar. Mas para onde?” A pastagem amazônica volta a perguntar.


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