Brasil: ao salvar este peixe, as comunidades locais salvaram-se

Brasil: ao salvar este peixe, as comunidades locais salvaram-se

À medida que outras comunidades ao longo do rio Juruá adotaram esta estratégia, Campos-Silva ficou impressionado com os benefícios económicos e sociais que ela proporcionou à população local. Além do fato de que as famílias ganharam mais dinheiro, as receitas da pesca foram reinvestidas em escolas locais, centros de saúde e infra-estruturas básicas. “As pessoas entenderam que a conservação da natureza lhes permitiu ter uma vida melhor”, explica.

As iniciativas comunitárias também melhoraram o estatuto das mulheres que, apesar de representarem quase metade da força de trabalho mundial no sector da pesca, muitas vezes não são reconhecidas nem remuneradas. Segundo pesquisas, na Amazônia brasileira, as mulheres assumem cada vez mais funções a bordo de barcos e participar mais ativamente nos processos de tomada de decisão.

“Nossa pesquisa mostra que, pela primeira vez, as mulheres estão ganhando seu próprio dinheiro através da pesca na Amazônia, ajudando a erradicar a pobreza geral”, destaca Campos-Silva.

Em 2018 fundou Instituto Juruá, organização sem fins lucrativos com sede em Manaus que promove a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. Desde então, ele expandiu seu trabalho para outras regiões da Amazônia brasileira, bem como para o rio Ucayali, no Peru, outro importante afluente do Amazonas, onde vive uma grande população indígena.

Com outros cientistas, ele continua estudando os movimentos, a ecologia e a dinâmica das populações de pirarucu, principalmente por meio da marcação e rastreamento por rádio dos peixes. Por exemplo, descobriram que para que uma população de pirarucu seja considerada saudável, deve haver no mínimo 30 peixes por quilômetro quadrado de várzea.

Esta abordagem à conservação através das comunidades locais resultou em resultados ainda mais espetaculares na Guianaonde as populações de pirarucu aumentaram dez vezes desde o início do milênio, explica DonaldStewartprofessor especializado em pesca na Faculdade de Ciências Ambientais e Florestais da Universidade Estadual de Nova York.

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No entanto, ainda existem muitas áreas não monitoradas na Amazônia onde o pirarucu pode estar localmente ameaçado. “Grandes áreas ainda carecem de contagens populacionais rigorosas ou de compromisso local para proteger os peixes de estranhos”, explica ele.

De acordo com Stewart, O pirarucu pode ser o maior peixe de água doce do planeta. O estudo da deposição de anéis de crescimento nas escamas do pirarucu que vive no rio Essequibo, na Guiana, mostrou que esses animais poderiam crescer muito mais que os do Brasil central. Sua pesquisa mostrou que existem várias outras espécies distintas de pirarucu e que algumas ainda podem ser consideradas criticamente ameaçadas.

Movimentos descontrolados de pirarucu pelo Brasil poderiam levar à transferência de doenças e mistura genética entre essas populações potencialmente distintas. Mas essas questões ainda permanecem muito pouco estudadas.

Para Zeb Hoganprofessor de biologia na Universidade de Nevada, Reno, e explorador Geografia nacionalo sucesso da conservação do pirarucu pode servir de modelo para a proteção e manejo de populações de outros peixes gigantes ameaçados em todo o mundo.

“Esses resultados contrariam a tendência de declínio observada na maioria das espécies da megafauna aquática”, explica. “Este é um raro exemplo de solução vantajosa para todos que pode ser aplicada a muitas outras regiões do mundo. »

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