Brasil: Bolsonaro nas ruas com seus apoiadores no meio de uma tempestade legal

Brasil: Bolsonaro nas ruas com seus apoiadores no meio de uma tempestade legal

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deverá participar no domingo numa grande manifestação organizada em seu apoio em São Paulo, o suficiente para testar a sua popularidade no meio de um escândalo sobre suspeitas de uma “tentativa de golpe de Estado”.

Os organizadores esperam reunir pelo menos 500 mil pessoas a partir das 15h (18h GMT) na Avenida Paulista, artéria emblemática da maior metrópole da América Latina.

Em vários vídeos publicados nos últimos dias nas redes sociais, o ex-presidente de extrema-direita (2019-2022) apelou aos seus apoiantes para uma “manifestação pacífica em defesa do Estado democrático de direito”.

No entanto, ele é justamente alvo de uma contundente investigação sobre uma suposta “tentativa de golpe” para evitar sua derrota eleitoral em 2022, contra o atual presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 8 de fevereiro, ele foi proibido de deixar o território brasileiro após uma operação policial em grande escala que visou vários ex-colaboradores próximos, incluindo ex-ministros e soldados de alta patente, com dezenas de buscas e prisões.

Jair Bolsonaro, que se diz vítima de “perseguição”, manteve-se em silêncio na quinta-feira diante dos investigadores da Polícia Federal que o convocaram em conexão com este caso. Ele seguiu o conselho de seus advogados, que afirmam não ter tido acesso a determinados documentos do processo.

Mas o ex-capitão do Exército afirmou em voz alta que pretendia “se defender das acusações” que enfrentou durante a manifestação em São Paulo.

É também alvo de outras investigações, nomeadamente por suspeita de falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19 ou de alegada apropriação indevida de presentes recebidos de países estrangeiros, incluindo joias oferecidas pela Arábia Saudita.

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Pastor e parlamentares

Apesar destes escândalos, Jair Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado pelos seus mais fervorosos apoiantes.

Mesmo tendo sido declarado inelegível até 2030 no ano passado por desinformação, o ex-presidente pretende usar sua influência para eleger aliados durante as eleições municipais de outubro próximo, num país ainda muito polarizado.

Na Avenida Paulista, além do afluxo de seus apoiadores, a presença de figuras políticas da oposição deveria permitir avaliar a extensão do seu apoio.

“Se houver muito apoio, ele poderá dizer que o povo está com ele. Caso contrário, perderá toda a legitimidade”, disse à AFP André Rosa, cientista político da Universidade de Brasília (UDF).

Um dos advogados de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse na quinta-feira que esperava ver “500.000 a 700.000” manifestantes, incluindo mais de uma centena de parlamentares.

Também são esperados o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro no governo Bolsonaro, além do prefeito da cidade, Ricardo Nunes.

“Dia 25 vou para o Brasil. Vai ser gigantesco!”, publicado na rede social

A manifestação é organizada entre outros pelo pastor Silas Malafaia, muito influente entre os milhões de brasileiros de fé evangélica, uma das bases da base eleitoral bolsonarista.

“Em amarelo e verde”

Para a manifestação de domingo, Jair Bolsonaro pediu aos seus apoiadores que viessem “de amarelo e verde”, as cores do Brasil, mas “sem trazer cartazes ou faixas contra ninguém”.

Durante seu mandato, muitas manifestações em seu apoio foram marcadas por palavras de ordem contra as instituições brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal.

Foi um juiz deste tribunal superior, Alexandre de Moraes, quem autorizou a operação policial no âmbito da investigação da “tentativa de golpe”.

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No dia 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro saquearam locais de poder em Brasília, incluindo o Supremo Tribunal Federal.

Nas redes sociais, muitos internautas, principalmente evangélicos, anunciaram a intenção de ir à Avenida Paulista com bandeiras israelenses.

Uma forma de mostrarem sua discordância com os comentários do presidente Lula, que no último domingo comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, causando uma crise diplomática com Israel.

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