(Brasília) Depois do ministro da Defesa, foi a vez dos líderes das forças aéreas, terrestres e marítimas serem substituídos pelo presidente Jair Bolsonaro, que está sob forte pressão política em meio à crise de saúde.
“Pela primeira vez na história, os líderes das três forças do Exército ofereceram suas demissões em massa em uma disputa com um presidente”, destacou o jornal. Jornal.
O Ministério da Defesa não especificou os motivos da saída dos oficiais superiores, anunciada no encerramento de reunião realizada nesta terça-feira em Brasília, na presença do novo ministro da Defesa, Walter Braga Neto, e de seu antecessor, Fernando. .
Segundo a imprensa brasileira, a saída repentina deste último foi muito ruim pelos comandantes das três forças, General Edson Pujol (Exército), Almirante Elkes Barbosa (Marinha) e Comandante da Aeronáutica Antonio Carlos Bermuda.
O uso do exército para fins políticos
Em breve comunicado anunciando sua saída do cargo de ministro, o general Fernando Azevedo e Silva, o ex-chefe da Casa Civil, confirmou na segunda-feira que é “totalmente leal” ao presidente Bolsonaro. Mas ele também mencionou a importância de “preservar o exército como uma instituição do estado”, uma frase que todos os comentaristas apontaram.
Já Merval Pereira, colunista político do jornal Ou um balãoO ministro cessante ficou “desconfortável quando Bolsonaro usou o exército para fins políticos”.
Essa preocupação também foi importante entre os principais líderes militares, em particular o comandante do exército, general Edson Pujol.
Em maio de 2020, quando a crise sanitária do Coronavírus começou a tomar dimensões perigosas no Brasil, o presidente quis apertar a mão dele durante uma cerimônia oficial, mas preferiu ampliar suas instalações, seguindo recomendações sanitárias para evitar a infecção.
Nostalgia da ditadura militar
Muitos generais também se opõem à posição dos militantes polacos nostálgicos da ditadura militar (1964-1985), que no ano passado apelaram à “intervenção” do exército contra o Parlamento e o Supremo Tribunal Federal.
Por outro lado, Jair Bolsonaro, um ex-capitão do exército, se beneficiaria do amplo apoio entre os soldados de escalão inferior.
A maioria dos analistas acredita que a remodelação do gabinete teve como objetivo fortalecer seu controle sobre o exército, que ocupa um terço das pastas do governo e muitos cargos na administração.
Mas o vice-presidente Hamilton Muraw, que também é general, insistiu que não havia risco de “ruptura institucional”.
Fator Lula
Um total de seis ministros foram substituídos na segunda-feira, incluindo os ministros da Justiça e das Relações Exteriores.
O presidente Bolsonaro está sob ataque mais do que nunca por sua gestão caótica da crise de saúde que deixou mais de 313.000 mortos no Brasil.
Seu índice de popularidade é meio pau: se mantém em torno de 30% das críticas positivas graças ao núcleo duro de seus apoiadores, mais de 54% dos brasileiros discordam de sua gestão da epidemia, de acordo com pesquisa recente do Instituto Datafolha.
A pressão só aumentou com a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) a uma partida, que conquistou vitórias legais nas últimas semanas.
O histórico líder da esquerda brasileira viu suas condenações revogadas pelo Supremo Tribunal Federal, tornando-se mais uma vez, senão absolvido, elegível para as eleições presidenciais de 2022.
Nesse contexto tenso, o presidente Bolsonaro tenta se aproximar do “Centrao”, grupo informal de parlamentares centristas que tem obtido apoio em troca de cargos importantes.
Essas mudanças responderam a uma lógica dupla: primeiro, ele tinha que abrir espaço para o Centrao, depois ele queria estar cercado pelas pessoas mais leais possíveis, especialmente dentro dos militares, para enfrentar a crise política. O especialista em relações internacionais Oliver Stinkel explica.
O chefe de Estado cedeu primeiro às pressões dos parlamentares, que exigiam a saída do chefe da diplomacia, Ernesto Araujo.
Este entusiasta ideólogo próximo a Jair Bolsonaro é acusado, entre outras coisas, de obstruir a importação de vacinas devido às suas más relações com a China. Ele foi substituído por Carlos Alberto Franco Franca, um diplomata com um arquivo pessoal mais secreto.
Outro gesto para conquistar o apoio do Centrao: Bolsonaro nomeou Flavia Arruda, deputada de centro no Gabinete, responsável pelo diálogo com o Parlamento.