O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, sua esposa Michelle e membros de sua equipe são suspeitos pela Polícia Federal de desvio de propriedade pública. Eles teriam revendido presentes oferecidos à presidência com o intuito de enriquecer ilicitamente.
As acusações continuam se acumulando na mesa de Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro está na mira da Polícia Federal, assim como sua esposa, Michelle Bolsonaro, e colaboradores próximos, por suspeita de desvio de patrimônio público.
Na última sexta-feira, a Polícia Federal pediu o levantamento do sigilo bancário e fiscal de Jair Bolsonaro, depois de sua esposa neste sábado, segundo informações do CNN Brasil. Mandados de busca também foram expedidos pela Justiça na casa do general Mauro César Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-colaborador de Jair Bolsonaro, preso desde maio por outro processo.
Eles são acusados de terem desviado mercadorias oferecidas a Jair Bolsonaro como parte de suas funções presidenciais para revendê-las e permitir o enriquecimento ilícito do ex-chefe de Estado do Brasil.
De acordo com os primeiros elementos da investigação, orientada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, “as provas colhidas mostraram [l’existence] durante a presidência de Jair Bolsonaro, de uma rede para desviar bens de alto valor que lhe eram oferecidos”, segundo despacho do magistrado. “Além de permitir enriquecimento inadmissível do Presidente da República (…), é possível que o chefe de Estado brasileiro tenha sido cooptado por nações estrangeiras por meio desses bens”, segundo os investigadores.
Milhares de dólares em dinheiro
As primeiras evidências colhidas pelos investigadores indicam que Mauro Cid transportou valores pertencentes à presidência no avião presidencial em que Jair Bolsonaro voou para Orlando no dia 30 de dezembro, com a intenção de vendê-los e reaver o dinheiro. Em uma gravação de áudio recuperada pelos investigadores, Mauro Cid evocaria um prêmio de “25.000 dólares em dinheiro” que seria destinado ao ex-presidente após a venda de determinadas mercadorias.
A investigação segue a eclosão do escândalo das joias sauditas em março passado, quando o jornal O Estado de São Paulo revelou a tentativa do governo de Jair Bolsonaro de contrabandear para o território joias de alto valor (incluindo um conjunto de diamantes e um relógio) doadas pela Arábia Saudita. Essas joias foram apreendidas pela alfândega.
Posteriormente, os investigadores encontraram evidências da apropriação indébita de muitos outros itens doados à presidência, que se acredita entrarem em coleções nacionais brasileiras, para enriquecer as contas pessoais do ex-presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro. De acordo com a lei brasileira, apenas presentes altamente simbólicos ou de “valor monetário mínimo” podem ser mantidos pelo chefe de estado ao final de seu mandato.
Em resposta a esta nova investigação, os advogados de Jair Bolsonaro disseram à CNN e a outros meios de comunicação brasileiros que o ex-presidente “nunca se apropriou ou desviou de propriedade pública”.