O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, dispensou a responsabilidade pela grave crise de saúde ligada ao covid-19, novamente criticando a decisão da Suprema Corte de capacitar os governos locais para lidar com a pandemia e o impacto econômico.
Para o líder de direita, a mais alta corte do país “cometeu um crime” ao endossar as medidas de saúde impostas pelas autoridades locais para conter o covid -19.
Bolsonaro reagiu a um vídeo transmitido na véspera pelos canais oficiais do Supremo Tribunal Federal, no qual a mais alta corte negou ter retirado os poderes do chefe de Estado na luta contra a crise do coronavírus, que deixou cerca de 555 mil mortos.
“A Suprema Corte cometeu um crime ao dizer que prefeitos e governadores, sem distinção, poderiam simplesmente ignorar os direitos previstos na Constituição”, disse o presidente em frente a um grupo de apoiadores.
Bolsonaro não deixou de criticar a Suprema Corte por dar “todos os poderes” às administrações regionais e municipais na luta contra a pandemia, “impedindo” de agir seu governo central.
O Supremo Tribunal Federal reiterou que, de fato, decidiu que as três esferas de poder (federal, regional e municipal) devem trabalhar juntas para colocar em prática medidas de “proteção à população” do coronavírus.
Medidas de segurança opostas
O presidente chamou o vídeo do Supremo Tribunal de “notícia falsa”, garantindo que o tribunal superior o impedia de alterar algumas das restrições adotadas em muitas partes do país.
Bolsonaro é um adversário fervoroso das medidas de contenção que afetaram profundamente o crescimento econômico e hipotecaram as capacidades produtivas do país.
Por meio da Ordem dos Advogados do estado, o presidente chegou a apelar, sem sucesso, ao Supremo Tribunal Federal contra algumas dessas restrições, como o toque de recolher noturno imposto temporariamente em algumas cidades do país.
Bolsonaro, que pretende se candidatar a um novo mandato no ano que vem, também prendeu os juízes do Tribunal que se opõem ao retorno ao voto impresso e à eliminação do voto eletrônico, que é, segundo ele, propício à “fraude” eleitoral.
No menor patamar de popularidade segundo pesquisas de opinião, chegou a ameaçar não reconhecer uma possível derrota nas próximas eleições presidenciais, que seriam vencidas pelo ex-presidente Lula da Silva (à esquerda), segundo pesquisas de diversos institutos.