SÃO PAULO (awp/afp) – O Banco Central do Brasil deverá cortar sua taxa básica de juros pela terceira vez consecutiva nesta quarta-feira, segundo analistas, um corte adicional de 0,5 ponto, para 12,25%.
Essa taxa, chamada Selec, foi reduzida pela primeira vez em três anos no início de agosto graças a uma “melhoria da situação inflacionária”.
Assim, o percentual passou de 13,75% para 13,25%, antes de diminuir novamente 0,5 ponto em meados de setembro (12,75%). Mas continua sendo uma das taxas mais altas do mundo.
Em março de 2021, a taxa Selec atingiu o mínimo histórico de 2%, com o objetivo de estimular o consumo durante a pandemia de Covid-19. Em seguida, foi aumentado 12 vezes consecutivas na tentativa de conter a aceleração da inflação.
Mas os preços começaram a cair gradualmente, o que levou a uma nova ronda de cortes na taxa de juro directora, que o presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva vem exigindo há meses, e que vê o aumento da taxa de juro directora como um entrave ao crescimento.
A decisão sobre o terceiro possível corte consecutivo será anunciada após a reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (COPOM) do banco central, a penúltima reunião do ano, que começou na terça-feira.
Durante a sua última reunião, a Coboom já tinha indicado num comunicado de imprensa que poderia “fazer mais cortes da mesma dimensão” até ao final do ano.
A taxa de inflação anual subiu acima de 5% (5,19%) em Setembro, depois de ter caído para 3,99% em Julho.
A aceleração deve-se, em particular, ao aumento dos preços dos combustíveis. Mas o custo dos alimentos caiu pelo quarto mês consecutivo (-0,71%) em setembro.
Analistas e outras instituições financeiras consultadas na pesquisa Focus semanal do Banco Central esperam que a inflação atinja 4,63% em 2023.
Este é um valor que se mantém no intervalo elevado (4,75%) da meta fixada pelo mesmo banco central (3,25%, por uma margem de mais ou menos 1,5 pontos).
A pesquisa da Fox também indica expectativa de crescimento de 2,89% neste ano.
Mas a comunidade empresarial reagiu mal na sexta-feira a uma declaração de Lula, que sublinhou que o Brasil pode “tornar mais difícil” o equilíbrio das contas públicas em 2024, citando “projectos prioritários” que exigem fortes investimentos.
Segundo analistas, o aumento dos gastos públicos poderá aumentar o risco de um pico inflacionário no próximo ano.
É por isso que a previsão da pesquisa Focus para a taxa básica de juros no final de 2024 foi revisada para cima, para 9,25%.
AFP/RP