Toneladas de peixes mortos em um rio no estado de São Paulo, no Brasil. Acredita-se que o recente desastre ecológico esteja ligado a descargas de uma fábrica de açúcar. Danos significativos e duradouros ao meio ambiente em uma área protegida, mas também pesadas perdas econômicas para os pescadores.
De 10 a 20 toneladas de peixes mortos foram observadas recentemente em Piracicaba, no rio de mesmo nome, um dos mais importantes do estado de São Paulo. Uma investigação sobre as causas desse massacre está em andamento. Ele estaria ligado a lançamentos irregulares de águas residuais, segundo Adriano Queiroz, diretor de licenciamentos da agência ambiental de São Paulo/CETESB:
” A usina São José vem realizando um descarte irregular de efluentes residuais do seu processo industrial. É uma usina de açúcar. Por isso, identificamos esse fenômeno de lançamento de grande quantidade de matéria orgânica no rio.
No entanto, os gestores da fábrica, que produz açúcar e álcool, negam qualquer responsabilidade pelo desastre.
O fato é que, dado o número de peixes mortos e as espécies afetadas, o meio ambiente pode levar muitos anos para se recuperar. O dano à biodiversidade seria grande. O impacto também é econômico. Particularmente para os pescadores, como um deles, Alan Belucci, lamenta:
“Eu costumava pescar para viver. O único dinheiro que podemos ganhar é com a pesca. Não há agricultura aqui, apenas cana-de-açúcar. Além da cana-de-açúcar, era o peixe que pegávamos que nos permitia ganhar 11, 13, 16 euros por dia. Era isso que nos permitia sobreviver.
Antes da tragédia ser descoberta, a agência governamental havia sido avisada sobre uma fase inicial de mortalidade de peixes e um forte odor. Ela havia pedido a uma usina hidrelétrica que aumentasse suas liberações de água para diluir a poluição. A quantidade de oxigênio dissolvido havia aumentado, o que é bom para os peixes. Mas isso aparentemente não foi suficiente para evitar que a situação piorasse.
O rio corre por uma área protegida apelidada de mini Pantanal de São Paulo. Uma alusão às zonas tropicais úmidas com vida selvagem abundante e paisagens esplêndidas.
Sua bacia cobre uma área de 1.531 km2. Pequenos barcos a vapor antigamente navegavam por esta hidrovia, que também fornecia água para plantações de cana-de-açúcar e café.