Cerrado no Brasil, uma savana preciosa como a selva

Cerrado no Brasil, uma savana preciosa como a selva

Menos conhecido que as florestas amazônicas, o Cerrado, a enorme savana que fica no coração do território brasileiro, também desempenha um papel fundamental na absorção de dióxido de carbono e no combate às mudanças climáticas. Embora estes dois ecossistemas sejam muito diferentes, eles dependem um do outro.

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O Cerrado é uma das três grandes regiões de savana do planeta, junto com a África e a Austrália. Está localizado no sudeste da Amazônia e no centro do Brasil, e se estende por uma área de 2 milhões de quilômetros quadrados, estendendo-se até a Bolívia e o Paraguai a oeste. Em comparação, esta área é tão vasta como a França continental, a Alemanha, a Itália, a Espanha e o Reino Unido.

Segundo a UNESCO, o Cerrado é a savana com maior biodiversidade do mundo. Existem mais de 11 mil espécies de plantas e centenas de espécies de animais, como tigres, lobos, tamanduás e tatus.

É apelidada de “Berço da Água” porque suas nascentes alimentam oito grandes bacias hidrográficas da América do Sul e três importantes aquíferos.

Espelho amazônico

Especialistas acreditam que o destino da Amazônia e do Cerrado está intimamente ligado, porque as savanas dependem das florestas tropicais, que geram as chuvas necessárias para que seus rios e aquíferos mantenham níveis satisfatórios de água. Por sua vez, a Amazônia depende das savanas para abastecer os cursos de água da sua metade sul.

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Ambos os ecossistemas desempenham um papel crucial na absorção de dióxido de carbono. Mas poderão acelerar o aquecimento global se for atingido um “ponto de viragem”, isto é, se libertarem mais carbono do que absorvem à medida que as suas plantas desaparecem.

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Savana arada e danificada

O solo arenoso do Cerrado é naturalmente pobre em nutrientes. Por isso, a área havia sido pouco explorada antes, mas em poucas décadas tornou-se um dos principais centros agrícolas do Brasil. Segundo o coletivo de pesquisa MapBiomas, atualmente metade do Cerrado é dedicado à agricultura.

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Mas o boom do agronegócio, um dos principais motores da maior economia da América Latina, tem um enorme custo ambiental. Segundo cálculos do WWF, a conversão da vegetação nativa do Cerrado em terras agrícolas ou pecuária gera 230 milhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, o equivalente às emissões de 50 milhões de carros.


Os ambientalistas também lamentam o facto de esta região ser cada vez mais afectada pela seca devido aos sistemas de irrigação agrícola e à desflorestação. Satélites do Instituto de Pesquisas Espaciais Públicas (INPE) identificaram quase 40 mil incêndios no local este ano, com uma área queimada do tamanho da Suíça. Estudos científicos também mostram que alguns cursos de água do Cerrado estão contaminados com agrotóxicos.

Com a Agência France-Presse

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