500.000 mortos
O Brasil ultrapassou a marca de 500.000 mortos do COVID-19 no sábado. Este é um número cumulativo menor do que o dos Estados Unidos (mais de 600.000 mortos), mas que é o mais alto do planeta em proporção à sua população. A má notícia para o Brasil é que o inverno está apenas começando em seu hemisfério sul, a (mais transmissível) variante Delta está começando a surgir e os observadores preveem que o número de mortos aumentará ainda mais. “Acho que chegaremos a 700.000 ou 800.000 mortos antes de ver os efeitos da vacinação”, disse Gonzalo Vecina, ex-diretor da Agência Brasileira de Saúde Anvisa, à Reuters no fim de semana.
30% da população (um pouco) protegida
Dos dez brasileiros, dois já receberam a dose da vacina e apenas um está totalmente vacinado. Apesar dessas taxas bastante baixas, as orientações básicas de saúde são pouco observadas no Brasil … a começar pelo próprio presidente. No início de junho, Jair Bolsonaro, com o rosto descoberto, participou de uma passeata de motociclistas no estado de São Paulo, em violação às normas sanitárias locais, onde pleiteava especialmente para que os vacinados deixassem de usar máscaras. Bolsonaro, que contraiu COVID-19 em julho de 2020, disse repetidamente que não receberá a vacina. O Supremo Tribunal, no entanto, decidiu que a vacinação contra COVID-19 será obrigatória, mas não será “forçada”.
50% de eficiência para Sinovac
A campanha de vacinação no Brasil, como em vários países da América Latina, depende fortemente da vacina da empresa biofarmacêutica chinesa Sinovac (comercializada como CoronaVac). É a chamada vacina “inativada”, uma plataforma clássica que consiste em expor o sistema imunológico a partículas virais inativas e que tem a vantagem de poder ser armazenada em refrigeradores comuns. O Sinovac foi inicialmente considerado 51% eficaz contra os sintomas de COVID-19 e 100% eficaz na prevenção de hospitalizações e mortes. Mas o Brasil deve antes de tudo, hoje, lutar contra a variante Gama (P.1), que foi identificada pela primeira vez em viajantes brasileiros que desembarcaram no Japão. Em abril, os resultados preliminares de um estudo com profissionais de saúde em Manaus, onde mais de três quartos dos novos casos foram causados pela variante Gama, mostraram 50% da eficácia da vacina contra infecções sintomáticas após a primeira dose. Sua eficácia contra a variante Delta é, no entanto, ainda incerta.
210 milhões de doses d’AstraZeneca
A outra vacina da qual o Brasil depende é a AstraZeneca, produzida sob licença por laboratórios nacionais brasileiros. O acordo com o Reino Unido prevê a entrega de 210 milhões de doses este ano e transferência de tecnologia. O problema é que a escassez de ingredientes ativos nas vacinas retarda a produção doméstica. A eficácia da vacina da Universidade de Oxford contra a variante Gamma é semelhante àquela contra a variante Alfa (identificada pela primeira vez na Grã-Bretanha), que chega a mais de 70% contra os sintomas de infecção. A vacina também é mais de 90% eficaz contra a variante Delta na prevenção de hospitalizações.
Zero pedidos
Se o governo brasileiro teve que pedalar nos últimos meses para comprar doses suficientes de vacinas, é porque ficou para trás em seus pedidos no verão passado. Em agosto de 2020, a empresa farmacêutica Pfizer ofereceu ao governo a encomenda de 70 milhões de doses de sua vacina – uma oferta rejeitada na época. Em dezembro, o presidente Bolsonaro zombou publicamente da empresa americana. “No contrato da Pfizer, é muito claro: ‘não somos responsáveis por nenhum efeito colateral’. Se você se transformar em um crocodilo, esse é o seu problema. Na primavera de 2021, ele reverteu sua decisão e ordenou 100 milhões de doses da vacina Pfizer, a maioria das quais, no entanto, não poderia ser entregue antes do outono.
Fontes: BBC, Reuters