Uma análise preliminar estima que entre dez e vinte toneladas de peixes morreram no Rio Piracicaba, no sudeste do Brasil, disseram promotores de Justiça de São Paulo em um comunicado.
A investigação inicial indica um “descarga irregular de águas residuais” da Usina de Açúcar e Álcool São José, na comunidade de Rio das Pedras. A descarga atingiu um córrego que deságua no Rio Piracicaba, disse o comunicado.
A empresa de São José negou qualquer envolvimento nas mortes de peixes e disse que estava cooperando totalmente com as autoridades.
“Insinuações sobre o envolvimento da usina neste evento são prematuras e, até o momento, não têm evidências ou fundamentos”, disse a empresa em um comunicado.
Em videochamada, Adriano Queiroz, diretor de licenciamento do órgão ambiental de São Paulo, explicou que o número de peixes mortos e a variedade de espécies afetadas representam um impacto significativo na biodiversidade.
“Levará anos para que o meio ambiente se recupere”, lamentou.
O Rio Piracicaba flui através de uma área protegida chamada Tanqua, apelidada de mini-Pantanal de São Paulo, nomeada em homenagem às áreas úmidas tropicais famosas por sua abundante vida selvagem e cenas naturais deslumbrantes. Sua bacia cobre uma área de 12.531 quilômetros quadrados.
Na quarta-feira, um tapete de cadáveres de peixes flutuantes cobriu o curso de água, sujando trechos do rio.
“Este triste desastre ambiental comoveu a todos devido à gravidade e magnitude dos impactos”, disseram as autoridades, acrescentando que a situação dos pescadores e da comunidade local também é “muito preocupante”.
As autoridades exigiram um relatório completo sobre o estado da água e aguardam mais informações técnicas antes de tomar novas medidas quanto à responsabilidade civil e criminal.
A polícia está investigando se um crime ambiental foi cometido, disse a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo em um comunicado.
Se for considerada responsável pelo desastre, a empresa corre o risco de pagar uma multa pesada.
A CETESB (Central Ambiental do Estado de São Paulo) recebeu os primeiros relatos de mortalidade em massa e de um forte odor vindo do rio em 7 de julho.
No mesmo dia, a agência solicitou à usina hidrelétrica de Salto Grande que aumentasse a quantidade de água lançada para diluir a poluição.
Em 9 de julho, análises mostraram aumento na quantidade de oxigênio dissolvido, favorecendo as condições de sobrevivência dos peixes, informou a CETESB.
Mas surgiram relatos de outra mortandade em massa em Tanqua, a cerca de 60 quilômetros da cidade de Piracicaba, onde surgiram as primeiras notícias sobre os peixes mortos.
O Rio Piracicaba atravessa um dos assentamentos mais antigos do estado de São Paulo e era usado como rota de navegação para pequenos barcos a vapor e para fornecer água para plantações de cana-de-açúcar e café, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Uma seca severa na Amazônia também matou um grande número de peixes no ano passado.