Quando pensamos em anfíbios, geralmente imaginamos pequenos animais como rãs, sapos, salamandras e cobras cegas. Mas nem sempre foi assim, Há muitos milhões de anos, estes animais eram gigantescos e dominavam ecossistemas inteiros!
Entre as rochas de uma fazenda na zona rural do município de Rosário do Sul, interior do Rio Grande do Sul, paleontólogos liderados pela equipe do Laboratório de Paleobiologia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) ) descoberto o crânio de uma nova espécie de anfíbio gigante que viveu há cerca de… 250 milhões de anos!
Antes do surgimento dos dinossauros, no início do Triássico, os anfíbios eram animais gigantescos que dominavam o meio ambiente, com aparência e estilo de vida muito semelhantes aos dos atuais crocodilos e jacarés.
Na realidade, o crânio foi encontrado durante escavações realizadas em agosto de 2022. Porém, após a descoberta, o crânio teve que passar por um longo e delicado processo de limpeza, para ser retirado de quaisquer restos da rocha onde foi encontrado, e depois estudado detalhadamente nas instalações da Unipampa.
Após ser analisada e identificada como uma nova espécie de anfíbio gigante, a espécie recebeu o nome de Kwatisuchus rosai. “Kwati” refere-se ao termo tupí que significa “focinho longo”, pois a cabeça do animal descoberto era longa e pontiaguda como a dos crocodilos atuais. O segundo nome “rosai” é uma homenagem ao paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, da Universidade Federal de Santa María (UFSM), pioneiro na localização de sítios fósseis – áreas que proporcionam condições favoráveis para a formação e crescimento de conservação de fósseis – desta época, sendo um deles o local onde esta nova espécie foi encontrada.
Kwatisuchus foi um sobrevivente. Ele viveu em um ambiente devastado pela maior extinção em massa da história do planeta – explica Felipe Pinheiro, paleontólogo da Unipampa e coordenador da pesquisa.
Kwatisuchus pertencia ao grupo dos temnospondylis, que eram anfíbios carnívoros, geralmente de tamanho grande, muito abundante em ecossistemas aquáticos, mas também encontrado em ecossistemas terrestres. Esses animais podiam atingir até 5 metros de comprimento, mas o Kwatisuchus descoberto foi estimado como um animal de tamanho médio, com comprimento estimado em 1,5 metros.
Os Temnospondyls eram muito diversos e viviam em diferentes partes do planeta, além de sobreviver à maior extinção em massa de todos os tempos. Os cientistas responsáveis por esta nova descoberta ficaram surpresos descobrir que os parentes mais próximos de Kwatisuchus estavam todos na Rússia, o que demonstra que em determinado momento da história da Terra, a vida selvagem do Brasil e da Rússia teve uma ligação.
“Naquela época, os continentes estavam unidos num supercontinente chamado Pangeia e a distância entre o Brasil e a Rússia era menor. No entanto, houve barreiras. É incrível encontrar este animal e outros que provavelmente conseguiram superar esses obstáculos. Participar da descoberta dessa nova espécie tem sido muito emocionante e suas semelhanças com espécies russas motivam mais estudos para entender como essas conexões ocorreram”, disse o ecologista e paleontólogo Arielli Fabrício Machado, pesquisador da Unipampa, ao site de notícias da universidade.
Esta não é a primeira descoberta de uma espécie animal mais antiga que os dinossauros no Rio Grande do Sul. No ano passado, pesquisadores do Laboratório de Paleontologia, também da Unipampa, apresentou a descoberta de um crânio completo e partes do esqueleto de um Pampaphoneus, datado de aproximadamente 265 milhões de anos, o grande predador terrestre mais antigo da América do Sul.
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