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Descoberta no sul do Brasil de um vulcão que existiu há 134 milhões de anos! Rumo a uma erupção iminente?

Pesquisadores encontraram evidências que levaram à descoberta de um vulcão em território brasileiro há 134 milhões de anos. Foto: Marcell Leonard Besser.
Karen Teixeira Brasil meteorado 6 minutos

A atividade vulcânica consiste em a erupção de rocha derretida de dentro da Terra, o magma, em direção à atmosfera. Quando chega à superfície, esse material em ebulição é chamado de lava, e neste processo formam-se vulcões, a maioria com formato cônico.

Recentemente, pesquisadores do Serviço Geológico Brasileiro descobriram rochas raras com milénios que permitiram a descoberta de um vulcão que existia no Paraná há 134 milhões de anos!

As rochas milenares, chamadas de piroclásticos, estavam em uma região de mineração em Marilândia do Sul, localizada no norte do estado do Paraná. A estrutura geológica foi denominada Tapalam.

Segundo o geólogo Marcell Leonard Besser, Serviço Geológico Brasileiroa descoberta de rochas, formadas a partir do magma do vulcão, revela informações importantes sobre a história do planeta. Acredita-se que o vulcão fosse capaz de lançar jatos de lava com mais de um quilômetro de altura, a uma distância superior a três Torres Eiffel empilhadas. Para se ter uma ideia, um vulcão entrou em erupção na Península de Reykjanes, na Islândia, e os jatos atingiram 400 metros de altura.

Amostra contendo rocha piroclástica (tons avermelhados) unida por uma massa bege e branca, servindo como cimento (a). Seção transversal da amostra com piroclastos alongados depositados na rocha (b). Fonte: Besser et al., 2024.

Mas como os pesquisadores descobriram a altura dos jatos? Chegaram à conclusão da altura dos jatos de Tapalam a partir do formato das “explosões” de lava que se solidificaram. Através da forma, é possível descobrir como aconteceu a erupção e fazer uma reconstrução do vulcão e também do tipo de vidro vulcânico! Alguns, por exemplo, são como tecido torcido, outros são como halteres de ginástica, outros têm a forma de lágrimas e outros têm a forma de cabelos, finos e tão pequenos que podem ser levados pelo vento.

Em erupções de fragmentação magmática seca, Taxas de resfriamento mais lentas geralmente resultam na formação de taquilita, um vidro rico em micrólitos, enquanto nas erupções freatomagmáticas a sideromelana é mais comum, característica de vidro vulcânico limpo e rapidamente solidificado.

O vulcão pode ficar ativo novamente?

As rochas localizadas nunca haviam sido encontradas na região, conhecida no meio científico como província geológica Paraná-Etendeka, que inclui centro-sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A formação destas áreas que hoje conhecemos foi influenciada pelas erupções do Tapalam.

Província geológica Paraná-Etendeka

Mas a população deveria estar preocupada? da possibilidade do vulcão voltar a ficar ativo? Besser garante que qualquer atividade do vulcão é improvável, nenhuma área no Brasil possui vulcões que possam voltar a ficar ativos, sem chance de isso acontecer!

Segundo as projeções, a área onde o vulcão estava localizado foi criada durante a existência da Pangéia, quando todos os continentes do planeta ainda eram um único continente.

Rochas piroclásticas são formadas de explosões de vapor vulcânico. Piroclástico vem do grego, “piro” é fogo e “clástico” é quebrado como se fossem pequenos pedaços. Essas rochas piroclásticas foram encontradas em uma mina em Marilândia do Sul que produz cascalhos para construção civil, porém a rocha não é adequada para mineração. Em outras palavras, construir com pedra piroclástica não é uma boa opção, porque não vai dar certo, tudo vai desabar.

Além disso, a existência de Tapalam, primeiro depósito piroclástico da província geológica Paraná-Etendeka, oferece informações valiosas sobre a história vulcânica e os processos geodinâmicos associados a essas erupções generalizadas e de grande volume que moldaram o passado da Terra. A partir deste estudo é possível conhecer a geologia do Brasil, saber onde estão os minerais e a água potável subterrânea e, assim, desenvolver estratégias de exploração e preservação econômica.

Referência do artigo:

Besser, ML; Licht, OAB; Vasconcellos, EMG Tufo basáltico precipitado bem preservado na Grande Província Ígnea Central do Paraná-Etendeka: evidência piroclástica de altas erupções de fontes de fogo. Boletim de Vulcanologia, v. 86, n. 6, 2024.

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