Segundo o Estadão de São Paulo, um dos principais jornais brasileiros, o governo Bolsonaro criou um orçamento paralelo para ganhar o apoio de alguns parlamentares. 3 bilhões que teriam sido usados para comprar tratores forçados e outras máquinas agrícolas, muitas vezes cobradas a mais.
O sistema teria sido implantado no final de 2020, quando nos aproximamos da eleição de meio de mandato dos novos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, uma eleição crucial para Bolsonaro que enfrentou várias ameaças de processo. de impeachment.
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Desde então, o jornalista Breno Pires, do Estadão, liderou a investigação e conseguiu reunir 101 ofícios de parlamentares, em francês 101 cartas de intervenção dirigidas ao Ministério do Desenvolvimento Regional ou a uma das instituições a ele vinculadas, como a Empresa de Desenvolvimento do São Francisco e Parnaíba (a Codevasf )
Essas cartas destinavam-se simplesmente a orientar os gastos de um orçamento paralelo de 3 bilhões de reais criado no final de 2020, segundo um sistema de emendas. Ou seja, a despesa feita com esse orçamento foi feita por proposta direta dos parlamentares, sem controle do Congresso, nem a priori nem a posteriori.
No entanto, ele havia tentado bloquear a criação, pelo governo, dessa linha orçamentária, chamada RP9, justamente censurando-a por sua falta de propósito explícito. Mas Bolsonaro interveio ele mesmo para se opor ao seu veto presidencial à tentativa de controlar os parlamentares.
Tratores com pá, patrocínio e superfaturamento
De acordo com a análise das 101 cartas de intervenção feitas pelo Estadão, a maior parte desse orçamento teria sido consumida em tratores, escavadeiras e outras máquinas agrícolas, muitas vezes faturadas a um custo adicional de até 259% em relação à tabela de preços de referência do Congresso.
Essas despesas, além do fato de escaparem ao controle do Congresso, também romperam com o princípio da distribuição eqüitativa de recursos entre os parlamentares, que normalmente possuem um orçamento anual de 8 milhões de reais.
Mas aqui, de acordo com uma lógica muito clientelista, são os parlamentares próximos do presidente e do seu governo que foram recompensados pelo seu apoio, e que graças a este maná puderam regar o seu território eleitoral, e organizar muitas cerimónias de posse ou colocação da pedra fundamental. Às vezes, mesmo, as despesas solicitadas diziam respeito a áreas muito distantes das dos parlamentares em causa, o que questiona ainda mais o seu significado e legitimidade.
Como exemplo, podemos citar o senador Davi Alcolumbre (do partido “Democratas” de centro-direita, o DEM) que, sozinho, teria marcado com suas “intervenções” 277 milhões de reais de gastos, ou seja, muito mais. do que seu envelope legal anual de 8 milhões. O presidente da Câmara, Arthur Lira, também é citado na investigação do Estadão. Sua eleição no início de fevereiro selou também a nova aliança entre o Bolsonaro e o centrão, o “grande centro” composto, cujos pequenos partidos se tornam reis conforme as circunstâncias. E nunca sem consideração.