As fortes chuvas da semana passada no Rio Grande do Sul provocaram o transbordamento de rios, afetando quase dois milhões de pessoas e deixando 136 mortos e 756 feridos, segundo a Defesa Civil neste sábado.
Cerca de 125 pessoas continuam desaparecidas, enquanto mais de 410 mil foram forçadas a abandonar as suas casas devido à catástrofe, que os especialistas da ONU e o governo brasileiro associam às alterações climáticas e ao fenómeno El Niño.
Mais de 92 mil casas foram danificadas ou destruídas pelas enchentes, segundo a Confederação Nacional dos Municípios.
O governo brasileiro prometeu quinta-feira libertar cerca de nove mil milhões de euros para a reconstrução deste importante estado agrícola do sul do país, que atravessa a pior catástrofe natural da sua história.
Desde o retorno das chuvas na sexta-feira na capital regional Porto Alegre e em outras áreas já afetadas, as autoridades permanecem em alerta e aumentam as mensagens pedindo à população que não retorne às áreas do desastre.
A região espera “aguaceiros e tempestades isoladas”, que se prolongarão até ao início da próxima semana, segundo o Instituto Meteorológico Nacional, que alerta para o risco de “inundações e choques eléctricos”.
Distribuição de Ajuda
Segundo o governo do estado, o Gauíba, corpo d’água que margeia Porto Alegre como rio, lago ou estuário, atingiu na manhã de sábado 4,59 metros, menor nível desde 3 de maio (4,58 m), antes de começar a subir de novo.
Na capital regional de 1,4 milhões de habitantes, as operações de distribuição de ajuda alimentar, água potável, medicamentos e vestuário continuam apesar da chuva.
No distrito de São João, em grande parte ainda submerso, bombeiros e voluntários estão trabalhando, observaram jornalistas no local. A bordo de botes infláveis, lanchas ou jet skis, distribuem ajuda aos moradores que ainda estão presos em casa.
O fluxo de barcos para as zonas afectadas, onde muitas pessoas ficaram em casa com medo de saques, diminuiu, no entanto.
A água engarrafada continua rara na cidade e os camiões cisterna abastecem abrigos, hospitais, edifícios e hotéis noite e dia.
Apesar das novas chuvas e do caos, os moradores estão tentando recuperar alguma aparência de normalidade. Algumas lojas estão reabrindo, enquanto a água começou a baixar em alguns lugares. Em outros lugares, os caminhões bombeiam a água lamacenta que ainda invade ruas e prédios.
Os maiores volumes de precipitação estão previstos para ocorrer entre domingo e segunda-feira.
Inundações históricas, incêndios florestais recordes, ondas de calor sem precedentes, secas e eventos climáticos extremos continuaram no Brasil nos últimos meses.