A oposição, que reivindica vitória nas eleições de 28 de julho, chamou os telefonemas de “desrespeito” aos venezuelanos.
Se Nicolás Maduro “tiver bom senso, ele poderia tentar apelar ao povo da Venezuela, talvez até convocar e agendar” outra eleição, disse o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em uma entrevista a uma rádio local.
Seu colega colombiano Gustavo Petro pediu em uma mensagem postada no X por uma nova eleição “livre”. Ele também sugeriu entre uma lista de propostas, o “levantamento de todas as sanções econômicas” que atingiram o país. O presidente dos EUA, Joe Biden, seguiu o exemplo alguns minutos depois, respondendo “sim” a um jornalista que lhe perguntou se ele apoiava as propostas brasileira e colombiana.
“A soberania popular deve ser respeitada”
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ratificou no início de agosto a vitória do presidente cessante Nicolás Maduro com 52% dos votos, sem fornecer a contagem exata e as atas das seções eleitorais, alegando ter sido vítima de invasão informática.
Segundo a oposição, que tornou públicas as atas obtidas por meio de seus escrutínios, seu candidato Edmundo González Urrutia venceu as eleições presidenciais com 67% dos votos, resultado rejeitado por Maduro.
“Propor não levar em conta o que aconteceu em 28 de julho é, para mim, uma falta de respeito aos venezuelanos (…), a soberania popular é respeitada”, disse Machado durante uma entrevista coletiva virtual com a mídia chilena e argentina. A eleição “ocorreu e a sociedade venezuelana se expressou em condições muito desfavoráveis. Houve fraude e ainda assim conseguimos vencer”, disse ela.
“Jogo de dominó”
Maduro já havia descartado qualquer nova eleição, proclamando três dias após sua contestada reeleição: “Ganhei o jogo de dominó e estou pedindo para começar de novo? É como jogar dominó, estou ganhando e estou pedindo para começar de novo, por favor! Não, vocês já ganharam, tomem uma cerveja”, ele disse ironicamente em 31 de julho durante uma entrevista coletiva.
Por sua vez, o parlamento votou na quinta-feira a lei que regulamenta as ONGs e associações que a oposição considera liberticida. Dois outros textos, sobre “incitação ao fascismo e ao ódio” e a regulamentação das redes sociais, também estão em preparação.
O governo controla o parlamento unicameral, detendo 256 dos 277 assentos após a oposição boicotar as eleições legislativas de 2020. Na terça-feira, os parlamentares adotaram vários pontos da lei das ONGs, incluindo aqueles relativos à notificação de “financiamento” e à “identificação de doadores, nacionais ou estrangeiros”. Organizações não governamentais também estão proibidas de “receber contribuições financeiras destinadas a organizações com objetivos políticos”.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu a Caracas que não “adotasse essas leis e quaisquer outras leis que minassem o espaço cívico e democrático no país”. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) lançou um “apelo urgente” à Assembleia para que não votasse a lei, considerando que ela “restringiria arbitrariamente o direito de associação, a liberdade de expressão (…) em um contexto de fechamento do espaço cívico”.