distância O presente que transborda, que foi um dos grandes sentimentos do festival em 2019, o escritor e diretor brasileiro Cristian Gatahi, 53, voltou a Avignon com uma criatividade inspirada por … DogvilleFilme de Lars von Trier (2003). Uma nova etapa em sua busca por um teatro – um cinema que carregue todos os problemas, todas as ambigüidades da realidade, entre o íntimo e o político.
Por que escolher adaptar “Dogville” para o teatro?
Quando vi o filme pela primeira vez, quando foi lançado, causou uma mistura de fascínio e alienação. Adorei seu espírito acadêmico, sua aparência ousada, seu tema de princípios e a maneira como ele desconstrói os mecanismos de exploração das mulheres. Mas eu senti um verdadeiro sentimento de rejeição quando Lars von Trier demonstrou o fracasso da humanidade nele. Porém, com o que está acontecendo no meu país, o Brasil, desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, pensei Dogville. E disse a mim mesmo que poderia ser um bom ponto de partida para o diálogo, para a discussão das propostas de Lars von Trier.
Então essa opção está diretamente relacionada à situação política brasileira?
Sim, é minha indignação ver o retorno de uma forma de fascismo, digamos assim, após trinta anos de democracia. Mas o que mais me surpreendeu foi ver como a extrema direita é discretamente aceita no Brasil como em outros lugares. Em todos os lugares, podemos observar essa mudança em pessoas que não conseguem mais distinguir entre direitos e privilégios. Essa transformação é o que me interessa e a forma como o fascismo se manifesta nas relações mais íntimas. Para tanto, o material foi fornecido por Dogville É muito interessante.
O filme também foi importante para você pela relação que estabelece entre o cinema e o teatro?
Isso é evidente. para o cinema da época, Dogville Ele foi muito ousado em sua maneira de desconstruir o realismo e a ilusão cinematográfica. Lars von Trier abordou o teatro para fazer o filme dele, eu abordo o cinema para fazer o meu teatro. É como seguir dois caminhos para chegar ao mesmo ponto, onde cinema e teatro podem brincar juntos. É uma excelente base para continuar minha pesquisa sobre essa tensão, esse atrito entre teatro e filme, e o que isso pode produzir em termos de significado. Aqui, neste caso, está a maneira pela qual as relações entre os seres podem mudar, como começa uma relação de exploração e como deixamos de ver o outro como ser humano e o transformamos em ser.
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