Inundações no Brasil | Número de mortos sobe para 100, chuva suspende evacuações

Inundações no Brasil |  Número de mortos sobe para 100, chuva suspende evacuações

(Porto Alegre) O número de mortos em enchentes sem precedentes no sul do Brasil atingiu a marca de 100 na quarta-feira, com as operações de socorro na capital regional Porto Alegre também tendo que ser interrompidas devido a novas chuvas.



No estado do Rio Grande do Sul, rica região agrícola atingida durante a última semana por chuvas torrenciais, sucedem-se cenas de desolação.

Expulsos de suas casas pelas águas, moradores da favela Santo André, em Porto Alegre, montaram um acampamento improvisado em uma rodovia deserta. “Estou apavorado, mas o que posso fazer? “, confidenciou Adan Moreira dos Santos, trader de 55 anos.

O número de vítimas humanas já é pesado, mas ainda provisório: 100 mortos, 130 desaparecidos, 374 feridos, segundo a Defesa Civil.

Porto Alegre (cerca de 1,4 milhão de habitantes) e mais de 400 localidades foram atingidas por este mau tempo excepcionalmente violento, forçando mais de 163 mil pessoas a fugirem de suas casas.

FOTO ANSELMO CUNHA, AGÊNCIA FRANCE-PRESSE

Um voluntário usa um barco para resgatar um casal de idosos, Roberto Rossi, 88, e Carmelina Castro, 79, de uma área alagada.

O rio Guaíba, que corta a metrópole e sofreu enchente histórica de até 5,30 metros, caiu para 5,06 metros na quarta-feira, mas a situação continua muito delicada.

Os voluntários saíram pela manhã em pequenos barcos ou jetskis para navegar pelas ruas inundadas e evacuar os moradores ainda presos pelas águas, mas também aqueles que estão relutantes em deixar as suas casas por medo de assaltos.

Mas o retorno da chuva interrompeu as operações de resgate. Perto do estádio de futebol inundado do Grêmio, onde foi improvisada uma zona de desembarque para os evacuados, os voluntários tiveram que guardar seus barcos, notaram jornalistas da AFP.

Na rede social X, a prefeitura solicitou que “os barcos envolvidos nas operações de resgate suspendam temporariamente suas atividades”. Ela também mencionou “ventos superiores a 80 km/h”.

As autoridades também apelaram às vítimas para que não tentassem regressar a casa, pois as suas casas estavam enfraquecidas.

Além disso, “a água contaminada pode transmitir doenças”, alertou Sabrina Ribas, porta-voz da Defesa Civil.

Odores pestilentos

Cerca de dez dias após o início das chuvas, o cheiro é nauseante em Porto Alegre por causa da água estagnada que às vezes lembra aterros a céu aberto.

E ainda há previsão de chuva na região metropolitana de sexta a domingo.

FOTO ANSELMO CUNHA, AGÊNCIA FRANCE-PRESSE

Para Porto Alegre

No sul do estado, as enchentes deverão atingir “proporções graves” nos próximos dias devido ao volume “colossal” de água no Guaíba e em outros rios, alertou o site especializado MetSul Meteorologia.

O governo do estado tomou medidas emergenciais para cinco barragens, duas das quais estão em “risco de rompimento iminente”.

Ao mesmo tempo, estão a ser estabelecidas avaliações iniciais dos danos materiais.

Quase 61 mil casas foram danificadas ou destruídas, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, que reviu em baixa o número anterior de 100 mil.

As perdas económicas chegam a 6,3 mil milhões de reais (cerca de 1,24 mil milhões de dólares canadianos), segundo projeções deste órgão. Os danos sofridos por escolas, hospitais e prefeituras são estimados em 351 milhões de reais (94 milhões de dólares canadenses).

Arroz importado

Após o fechamento do inundado aeroporto de Porto Alegre, a base militar de Canoas, na periferia, foi mobilizada para acomodar voos comerciais de transporte de ajuda e passageiros, anunciou a Aeronáutica.

Segundo o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, as autoridades também trabalham na construção de um “corredor humanitário” entre a cidade e sua região, ponto-chave para o abastecimento da cidade, onde já falta água potável.

De momento “não falta nada, excepto água”, mas “para certos produtos retiramos do nosso stock”, disse Roger da Silva, 36 anos, gerente de um supermercado em Viamão, cidade a leste da capital.

O governo federal anunciou que importaria 200 mil toneladas de arroz para garantir o abastecimento e também evitar especulações de preços, sendo o Rio Grande do Sul fornecedor de mais de dois terços do arroz consumido no Brasil.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, lamentou em comunicado à imprensa a perda de vidas humanas no Brasil e ressaltou que desastres deste tipo constituem um “lembrete dos efeitos devastadores da crise climática”.

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