Ela é apelidada de “pacote do veneno” (“pacote envenenado”). Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha se tornado uma das principais figuras da defesa do meio ambiente no cenário internacional, o ex-sindicalista promulgou, no final de 2023, na quinta-feira, 28 de dezembro, uma lei que facilita a entrada de novos pesticidas para o Brasil. No entanto, o país já consome quase 20% do total de pesticidas vendidos no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Exigida pela agroindústria desde 1999, a lei “acelera o processo autorização de novos pesticidas (…) pág.para aumentar a produtividade das culturas », explica Leandro Gilio, economista e pesquisador do centro Insper Agro Global, especializado no estudo da agricultura brasileira. A partir de agora, o processo de aprovação de novos pesticidas deverá ser realizado no prazo máximo de dois anos, em comparação com a média actual de dez a vinte anos.
“A lei está bloqueada há muito tempo no Parlamento devido às suas consequências para a saúde e para o ambiente”, explica Camila Rocha, cientista política da Universidade de São Paulo. No governo de extrema direita de Jair Bolsonaro (2019-2022), próximo do agronegócio, a lei quase foi aprovada.
Obteve a aprovação do Parlamento em 9 de fevereiro de 2022, com 301 votos a 150, mas depois encontrou oposição do Senado. Contudo, na sequência de um pedido de reconsideração ” urgente “ da lei pela Frente Parlamentar Agropecuária, que reúne os 324 deputados que defendem os interesses da agroindústria, o Senado finalmente reverteu sua decisão em 28 de novembro de 2023.
“ Depois de todos estes anos de resistência, sofrer esta derrota durante um mandato de um governo progressista, para quem as questões sociais e ambientais são uma prioridade, é realmente doloroso “, lamenta Mariana Campos, porta-voz do Greenpeace Brasil, que há muito se mobiliza contra a lei e acusa o governo de “contradizer-se”.
“Troca de dinheiro”
Em 20 de novembro de 2023, Lula anunciou notadamente a retomada da política nacional de agroecologia e produção orgânica, programa lançado em 2012 para incentivar a agricultura orgânica, que havia sido abandonado por Jair Bolsonaro. Durante o dia 28e Na conferência mundial do clima (COP28), em Dubai, no início de dezembro, o Brasil também foi um dos 158 signatários de uma declaração sobre agricultura sustentável e clima que busca “promover a segurança alimentar, a produção e a nutrição sustentável, conservando, protegendo e restaurando a natureza”.
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