documentário
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“Diários de um Luto”, o documentário de Karim Aïnouz narra a decepcionante jornada assombrada por uma mãe desaparecida.
Entre o segredo da melodia maravilhosa A Vida Oculta de Eurídice Gusmão E decepcionante (para quem descobriu no recente Festival de Cinema de Cannes) Jogo da rainha Filmado na Inglaterra, Karim Aïnouz, o brasileiro peripatético, que passou por Paris e Nova York antes de se estabelecer em Berlim, produziu um documentário intimista, Marinheiro da montanha. Ele retorna de balsa seguindo os passos de seu pai e em memória de sua mãe. Falando a língua materna viva, o diretor explora a terra desconhecida de seu pai, investigando as origens de duas culturas distintas: a portuguesa de Fortaleza, norte do Brasil, onde Aïnouz nasceu, e a cabila, Tizi Ouzou, de onde seu pai nunca saiu para encontrar sua noiva, apesar das promessas seladas. Ele só conheceu esse pai aos vinte anos de idade, em Paris, onde reconstruiu sua vida, e é frequentemente chamado de “seu pai” no filme. Mãe Iracema faleceu quando ele começou este diário de viagem pela Argélia em 2019.
Mapeamento de memória
Dos dois, quem vence é a mãe morta, pois o vento carrega as palavras do diretor itinerante, em narração. A memória ressuscitada é mais forte que a descoberta da pátria desconhecida, da Argélia deserta, da cidade branca, da cidade vermelha. As fotografias trazem de volta o rosto de Iracema, abandonada pelo amor que conheceu em Nova York no início dos anos 1960.