O texto isenta o cidadão do pagamento de novo hidrômetro em caso de furto. Foi votado em meados de outubro, mas o responsável eleito por trás da sua redação por inteligência artificial só o divulgou na quarta-feira.
Brasil, direito e inteligência artificial, episódio dois. Depois do juiz dar seu (falso) veredicto com a ajuda da IA, desta vez são os governantes eleitos que, sem saber, aprovam um projeto de lei inteiramente redigido pelo ChatGPT. E foi Ramiro Rosário, vereador do projeto, quem o anunciou na quarta-feira, 29 de novembro.
“A primeira lei brasileira desenvolvida exclusivamente por inteligência artificial entrou em vigor aqui em Porto Alegre», disse este eleito do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB, centro) num vídeo, após se apresentar como autor do projeto de lei. Porque você fez isso? Por curiosidade, evitou o homem de 37 anos, que obviamente também tem um sentimento de agitação midiática.
Esse texto foi aprovado por unanimidade pelos vereadores de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, em meados de outubro. Eles então não tinham ideia de como o colega havia escrito seu texto. Lá “lei municipal complementar 993/2023» entrou em vigor no dia 23 de outubro, após aprovação do prefeito da cidade, Sebastião Melo.
O assessor explicou no X (ex-Twitter) que pediu ao ChatGPT que criasse legislação relativa ao roubo de hidrômetros. A inteligência artificial teria cuidado do resto. “A IA da OpenAI criou todo o projeto em segundospodemos ler em sua mensagem. A IA também sugeriu melhorias na proposta inicial por conta própria. O resultado foi bom, então enviei.”
O texto assim votado isenta os cidadãos do pagamento de um novo contador de água em caso de furto. Um projeto “muito simples no seu objectivo, mas revolucionário na sua forma» de acordo com comentários do assessor transmitidos por CNN Brasil.
“Levantamos um debate sobre o uso da tecnologia, da inteligência artificial, para melhorar a qualidade do serviço público no Brasil“, explicou Ramiro Rosário à AFP. A ferramenta representaria um meio de “reduzir o número de parlamentares, assessores, servidores públicos no Brasil e tornar o trabalho legislativo mais eficiente“. Ainda segundo o governante eleito, ninguém será substituído pela AI, “mas por quem sabe usá-lo“.