Análise
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Por ocasião da sua visita oficial, o chefe de Estado francês quis assinalar com o seu homólogo brasileiro o relançamento da cooperação entre os dois países, prejudicada pelos anos Bolsonaro, apesar das persistentes diferenças sobre o Mercosul e a Ucrânia.
O poder de uma imagem é apagar todo o resto. Da visita de Emmanuel Macron ao Brasil, sua primeira visita oficial à América Latina em sete anos no Eliseu, os dois países gostariam apenas destas fotos tiradas no primeiro dia, no coração da floresta amazônica: Lula pegando Macron pela mão, os dois homens parecem estar sorrindo e correndo sabe-se lá para onde, como dois pombinhos navegando em direção ao futuro descuidadamente. A imprensa brasileira transmitiu essa imagem em massa, um tanto zombeteiramente, para simbolizar o reavivamento da amizade repleta de bromance entre os dois líderes. Os serviços de comunicações não poderiam ter pedido melhor.
No papel, porém, tudo separa o ex-metalúrgico septuagenário, figura da esquerda na América Latina, e o ex-banqueiro de quarenta anos, arauto de um “ao mesmo tempo” que imprime principalmente à direita. No entanto, os dois homens parecem apreciar-se sinceramente e acreditam no relançamento da cooperação França-Brasil que foi a mensagem central desta visita de estado. O que os une a nível pessoal é que ambos se consideram um baluarte contra uma extrema direita que separou precisamente os dois países, mesmo que a de Jair Bolsonaro não tenha necessariamente muito a ver com isso. o de Marine Le Pen.
Operação de sedução intensa
Mas não se engane: