Vários estados, inclusive o Rio de Janeiro, já estão em situação de emergência sanitária e as previsões são preocupantes. O aquecimento global, combinado com o fenómeno El Niño, provoca calor elevado e chuvas fortes e estimula a proliferação de mosquitos e, portanto, a dengue.
Neste novo centro de atendimento especializado na detecção de dengue, os pacientes se sucedem. Parecendo abatido e desesperado para evitar a desidratação perigosa causada por este vírus, Wheydson acaba de ser cuidado. “Aguardo confirmação, mas há fortes suspeitas. Estou com dor de cabeça, estou com febre, dores no corpo, nas articulações. Já tive dengue antes, mas esta é muito mais forte.”
Vários vírus da dengue
Embora o país deplore 91 vítimas e quase 400 mortes suspeitas, os dez centros espalhados pela cidade são essenciais para enfrentar a epidemia, explica Daniel Soranz, responsável por questões de saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro. “O objetivo é identificar com antecedência os casos de dengue para evitar agravamento do quadro de saúde do paciente. O problema é que circulam três tipos de vírus ao mesmo tempo, é a primeira vez na nossa história que temos dengue tipos 1, 2 e 4 ao mesmo tempo, o que facilita essa proliferação de casos.“
Os mosquitos portadores do vírus da dengue proliferam em águas limpas e estagnadas. Depois de fortes chuvas, resíduos, folhas mortas ou vasos de flores são pequenos paraísos para os mosquitos. Cada um deve fazer a sua parte e estão a ser realizadas ações de prevenção em toda a cidade, mas os cemitérios estão particularmente em risco, garante Sandro Lobo, responsável pelo cemitério do Caju, onde a lei já proíbe flores. “A dificuldade vem do tamanho do cemitério, há mais de 100 mil sepulturas aqui. São centenas de árvores muito grandes, que geram muitas folhas. Não podemos deixar a água estagnar nas sepulturas, enquanto as mais antigas se desgastam e se formam poças. Você também deve remover constantemente flores, flores artificiais, vasos, etc.“
Após a gestão catastrófica da Covid-19 por seu antecessor, a questão também é política para o presidente Lula que tenta fazer jus à gravidade da situação.
O relatório de Jean-Mathieu Albertini.
