Desde o início do mês, 1.729 residências foram identificadas por satélite na área, segundo dados divulgados sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE).
Isto é quase quatro vezes mais do que o recorde anterior para um mês inteiro de junho, que remonta a 2005, quando foram contabilizadas 435 casas.
“Este aumento de incêndios no Pantanal antes mesmo da estação seca é extremamente preocupante”, disse Claudio Angelo, membro do coletivo de ONGs Observatório do Clima, à AFP.
De 1º de janeiro a 20 de junho, o INPE registrou 2.628 domicílios no Pantanal, um aumento de 1.818% em relação ao mesmo período do ano passado.
Este valor é também superior ao do primeiro semestre de 2020 (2.534), que acabou por ser o pior ano de que há registo, quando 30% da superfície da região foi afetada pelas chamas.
A estação seca geralmente começa na segunda metade do ano. Em 2020, o pico foi atingido em setembro, com 8.106 surtos, o mês mais devastador desde que o INPE começou a compilar esses dados em 1998.
“Tudo indica que estamos diante de mais um evento climático extremo, o que nos faz temer pelo futuro do bioma nos próximos meses, quando a seca terá atingido seu ápice”, insiste Ângelo.
O Pantanal, que também se estende pela Bolívia e pelo Paraguai, é a maior área úmida tropical do planeta.
Este santuário de biodiversidade atrai muitos turistas que podem admirar de perto jacarés, ariranhas, pássaros coloridos e, para os sortudos, onças.
A ministra brasileira do Ambiente, Marina Silva, tem falado diversas vezes nas últimas semanas dos riscos de seca “severa” em diversas regiões do país, nomeadamente no Pantanal.
O Brasil já foi atingido por um desastre climático sem precedentes no mês passado, quando inundações causadas por fortes chuvas mataram mais de 170 pessoas no sul do país.
“Depois das fortes chuvas teremos seca, provavelmente na Amazônia e no Pantanal (…)”, declarou o ministro no dia 5 de junho, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Acontecimentos extremos que atribuiu à “combinação de fenómenos meteorológicos como o El Niño e a intensificação das alterações climáticas”.