(MOSCOVO) A Rússia prometeu retaliação no sábado depois de encerrar a conta do YouTube da câmara baixa do parlamento russo, aumentando a perspectiva de a Rússia bloquear a plataforma de vídeo do gigante americano Google.
Postado ontem às 8:12
O presidente da Duma do Estado, Vyacheslav Volodin, afirmou que o bloqueio do canal Duma-TV foi um movimento em Washington que violou os “direitos” dos russos.
“Os Estados Unidos querem ter o monopólio da disseminação de informações”, disse ele em sua conta no Telegram. “Não podemos permitir isso.”
Jornalistas da AFP em Moscou descobriram que a conta em questão não estava mais disponível no YouTube no sábado.
Segundo o Google, o canal foi fechado devido às recentes sanções anunciadas pelo governo dos EUA.
“O Google está comprometido em cumprir todas as leis e penalidades comerciais aplicáveis. Se uma conta violar nossos termos de uso, tomaremos as medidas apropriadas”, disse um porta-voz do grupo em comunicado enviado à AFP.
Segundo Moscou, a conta da Duma-TV tem mais de 145 mil assinantes no YouTube. Transmite transmissões ao vivo do Parlamento e entrevistas com deputados russos.
No Telegram, uma porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, respondeu ao Telegram: “O YouTube assinou sua própria condenação”, pedindo que o conteúdo seja “rapidamente” movido do YouTube para as plataformas de vídeo russas.
Nas últimas semanas, em meio ao conflito na Ucrânia, Moscou já acusou o YouTube de bloquear contas de meios de comunicação leais ao Kremlin e autoridades russas.
O policial de comunicações russo, Roskomnadzor, acusou o Google e o YouTube de atividades “terroristas” em março, o que anuncia um possível fechamento do site na Rússia, como aconteceu no Twitter, Instagram e muitos outros meios de comunicação independentes desde o ataque na Ucrânia.
As autoridades russas aumentaram agressivamente sua pressão e seu arsenal legal para controlar as comunicações sobre o conflito na Rússia, ameaçando até 15 anos de prisão por divulgar “informações falsas” sobre o exército russo.
O Roskomnadzor bloqueou nesta quinta-feira o Google de anunciar seus serviços na Rússia depois de acusar o YouTube de divulgar “informações falsas” sobre as forças russas.
Como em muitos outros países, o YouTube é amplamente utilizado na Rússia, tanto por usuários comuns de entretenimento e informação, mas também por ministérios ou organizações para a distribuição de seu conteúdo.
A plataforma, em particular, é uma ferramenta distinta do oponente preso Alexei Navalny, que publicou inúmeras investigações lá e foi observado dezenas de milhões de vezes sobre a corrupção das elites russas.
Já em 2006, Moscou lançou um serviço de vídeo concorrente, o Rutube, sem muito sucesso. Mas seu CEO confirmou à Interfax na sexta-feira que viu um aumento “tremendo” no número de vídeos enviados recentemente para a plataforma.