A plataforma colaborativa MapBiomas, que se baseava em imagens de satélite e dados produzidos por inteligência artificial, também revelou que a extração mineral – legal e ilegal – aumentou quase seis vezes entre 1985 e 2020 no Brasil, incluindo 72,5% apenas na Amazônia.
Quando cruzamos as informações das terras cujo minério é extraído com as reservas indígenas e as unidades de conservação, nos surpreendemos com a quantidade de minério [extrait] em áreas proibidas
, explicou Pedro Walfir, professor da Universidade Federal do Pará, um dos coordenadores deste estudo.
A mineração de ouro é proibida em terras indígenas e quase sempre em áreas protegidas do Brasil.
Segundo Mapbiomas, 40,7% das terras onde é realizada a extração ilegal de ouro, geralmente em escala artesanal, estão em áreas protegidas (parques naturais, entre outros). E 9,3% estão em terras indígenas, a maior parte concentrada nas reservas das nações Kayapó e Munduruku, no estado amazônico do Pará (norte).
Oito das dez áreas protegidas mais afetadas pela garimpagem clandestina de ouro, principalmente a mineração de ouro, também estão localizadas no estado do Pará.
Essas atividades são muito prejudiciais ao meio ambiente, mineiros
usando mercúrio para separar o ouro, que então polui rios, se concentra na carne dos peixes e contamina as populações locais.
Esses dados confirmam a aceleração dos danos ambientais no Brasil, que concentra 60% do território da imensa Amazônia.
A destruição do meio ambiente se acelerou ainda mais desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o poder em janeiro de 2019, com um aumento significativo no número de incêndios e áreas desmatadas.
O presidente de extrema direita é a favor da abertura das terras indígenas para a mineração e a agricultura em particular. O governo, que conta com o forte apoio do poderoso lobby do agronegócio, está atualmente tentando fazer com que vários projetos de lei sejam aprovados pelo Parlamento.
Na última semana, milhares de indígenas de cerca de 100 comunidades acamparam no centro de Brasília para defender suas terras contra agenda anti-ambiental
do Sr. Bolsonaro, marchando na Suprema Corte, que deve proferir uma sentença há muito aguardada sobre suas terras ancestrais