Esta nova versão da Seleção será posta à prova, com amistosos de gala contra a Inglaterra, sábado, em Wembley, e a Espanha, terça-feira, em Madrid.
Todos sem os goleiros principais, Ederson e Alisson, lesionados, além da defesa (Marquinhos) e do meio-campo (Casemiro).
Sem falar em Neymar, artilheiro da história da Seleção, cujo retorno a campo está incerto desde a grave lesão no joelho, em outubro passado.
Nomeado em janeiro, Dorival Junior terá que lidar com essas ausências para levar a cabo seu projeto de “reformulação gradual” visando uma sexta estrela que escapa ao Brasil desde 2002.
O mínimo que podemos dizer é que ele tem muito trabalho pela frente. A Seleção perdeu as últimas três partidas das eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2026 e está apenas em sexto lugar em dez, com apenas dois pontos de vantagem para a vaga no play-off após seis dias.
O novo treinador tem interesse em elevar rapidamente a fasquia tendo em vista a Copa América, que acontece de 20 de junho a 14 de julho nos Estados Unidos.
“Um pouco de paciência”
Tarefa nada fácil para esse técnico de 61 anos que não foi titular da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Os dirigentes apostaram tudo na chegada prevista para junho de Carlo Ancelotti, mas o italiano acabou por prolongar o contrato com o Real Madrid.
Entretanto, a seleção masculina foi confiada no ano passado a Ramon Menezes, treinador dos sub-20, e depois a Fernando Diniz, que combinou as funções de selecionador e treinador do clube brasileiro Fluminense.
A nomeação de Dorival Junior deverá devolver uma certa estabilidade, mas o antigo treinador do Flamengo e do São Paulo FC pediu no domingo “um pouco de paciência” aos adeptos “até encontrarmos uma forma de obter os melhores resultados”.
Apenas oito dos convocados já somam pelo menos uma Copa do Mundo e onze deles ainda não disputaram um minuto na seleção, como o jovem zagueiro Lucas Beraldo, de 20 anos, que teve início promissor no Paris. SG.
Mas este último já evoluiu sob as ordens de Dorival Junior no clube, tal como Lucas Paquetá, Rodrygo ou Andreas Pereira.
Outra particularidade do grupo que enfrentará Espanha e Inglaterra: 9 dos 26 jogadores disputam o Campeonato Brasileiro, muito mais que o normal.
“O Brasil está em uma situação ruim (…) então Dorival tem todo o direito de fazer mudanças”, declarou o ex-lendário meio-campista Zico nesta terça-feira, durante a inauguração de uma estátua de cera com sua efígie, no Rio de Janeiro.
“Ele preferiu levar jogadores que conhece, com quem já obteve bons resultados”, acrescentou.
“Corra com os melhores”
O suficiente para reabrir o debate sobre o pool de talentos disponíveis no Brasil, que já não parece tão inesgotável como no passado, inclusive em cargos que antes eram bem abastecidos.
“É triste ver que depois de Cafu, Jorginho, Maicon, Roberto Carlos, Marcelo e tantos outros, o Brasil não tem bons laterais há muito tempo”, escreveu recentemente o colunista Luis Curro do diário Folha sobre o S. Paulo. .
Ao contrário de Fernando Diniz, que tentou impor o estilo de jogo extravagante do Fluminense na Seleção, Dorival Junior tende ao pragmatismo.
“Você tem que implementar um sistema no qual você se sinta confortável. Este é o nosso grande desafio (…) porque temos muito pouco tempo”, admitiu o novo treinador.
A Inglaterra, finalista do último Euro, e a Espanha, vitoriosa da última Liga das Nações, são adversários formidáveis para iniciar este novo ciclo.