“É uma cidade deserta, o fim do mundo, é de partir o coração. Os últimos habitantes de Atavona assistem, impotentes, suas casas desaparecerem gradualmente sob o oceano. Nesta pequena cidade litorânea brasileira, a poucos quilômetros ao norte do Rio de Janeiro, o nível do mar está subindo na velocidade da luz.As águas já submergiram mais de 500 casas a dois quilômetros da orla.
Na areia, entre as ruínas, erguem-se as últimas casas ainda de pé. Cerca de cem. Entre eles, o personagem de João Acordado Peixoto. O prédio deste empresário pode ser o próximo a ser varrido da face da terra. “O mar avança de 3 a 4 metros em duas semanas. Há também a maré. O empresário, que estava confiante de que procurava outra casa para abrigar sua família, lamenta que o muro não esteja lá na próxima semana.
A situação deve piorar, no longo prazo, com a elevação do nível do mar devido ao aquecimento global, e no curto e médio prazo, “com swells excepcionais e longos períodos de chuva ou seca”, explica o geólogo Eduardo Bulhões, da Universidade Federal. do Fluminense. A cidade litorânea também sofre com a falta de sedimentos, o que impede que a areia se regenere e entupa a água. “Devido à atividade humana, o volume de água do rio Paraíba do Sul diminuiu significativamente nos últimos 40 anos, assim como sua capacidade de trazer sedimentos para a foz”, explica Atavona, referindo-se principalmente às atividades de mineração ou agricultura.
Vários projetos foram apresentados à prefeitura para reduzir a erosão, como construir barragens ou trazer areia extraída do leito de um rio próximo. Mas até agora nenhuma ação foi realizada. O município de São João da Barra, cidade de 36 mil pessoas da qual depende a vila de Atafona, paga um auxílio-moradia de 1.200 reais (cerca de 200 euros) por mês a mais de 40 famílias deslocadas.