Brasil: Quando o elevador social quebra FIFA Brasil 2014

Brasil: Quando o elevador social quebra  FIFA Brasil 2014

Após o boom do país no início da década de 2000, os brasileiros ficaram desiludidos numa altura em que o crescimento económico estava em declínio e a inflação estava a consumir o poder de compra.

Texto de Jean-Michel LePrincee-mail

O Presidente Lula e a sua sucessora Dilma Rousseff conseguiram tirar mais de 30 milhões de pessoas da pobreza nos últimos anos.

Konsikai e sua família pertencem a esta nova classe média baixa. Eles moram em Olaria, bairro pobre do Rio de Janeiro, mas são donos de apartamento. Dois quartinhos um em cima do outro, construídos pelo marido de Conceição, Lenilson, construtor. Eles moram lá com os três filhos, que estudam enquanto trabalham. Eles estão planejando construir mais dois andares.

Conceição e Linilson

Conceição e Linilson

Foto: Jean-Michel LePrince

Conceiçaõ obtém um serviço de limpeza residencial bastante bom para diversos clientes. Um número crescente de brasileiros não tem mais condições de contratar trabalhadoras domésticas, contratando-as uma vez por semana.

A esperança abandona os brasileiros

Daniel de Blas, sociólogo do renomado think tank Getulio Vargas, está preocupado com o Brasil.

O futuro do Brasil é agora um ponto de interrogação. O problema nº 1 é a inflação, o nº 2 é a corrupção e o nº 3 é a falta de esperança.

A inflação corrói o poder de compra dos ricos, especialmente dos pobres. Aqueles que vendem produtos ou oferecem moradia para alugar estão em melhor situação.

Entre 2004 e 2010, o Brasil viveu um boom económico sem precedentes e muitos acreditavam que o país finalmente seria capaz de se desenvolver e jogar nas ligas principais. Em parte, é por isso que os brasileiros aceitaram com alegria a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016.

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E agora eles ficaram desapontados. Com uma conta de 11 mil milhões de dólares para organizar o Campeonato do Mundo e, acima de tudo, uma economia em colapso, uma grande maioria deles opõe-se ou é indiferente à organização do Campeonato do Mundo, de acordo com uma sondagem diária recente. Ó Globo.

Outra pesquisa realizada pelo Pew Research Center, dos EUA, mostrou que 72% dos brasileiros estão insatisfeitos com a situação do país.

Crescimento económico revisto em baixa pelo Banco Mundial: 1,4%. Apenas a Rússia e a Argentina registarão um crescimento menor.

“O país sofre de má gestão”

Economistas dizem que o país sofre de má gestão. Eles acreditam que a má organização da Copa do Mundo é um sintoma disso.

Marcelo Abreu, professor de economia da Universidade Católica, acredita que o Brasil “ainda não decolou”.

Temos grandes problemas e uma baixa taxa de investimento. […] Mesmo o primeiro-ministro não demonstrou uma capacidade clara para governar. Há um problema administrativo. […] Foi uma decisão do governo aceitar uma taxa de inflação mais elevada do que seria prudente.

Os analistas brasileiros também levam o futebol muito a sério. O economista Marcelo Abreu acredita que se a seleção brasileira tiver um bom desempenho na Copa do Mundo, isso poderá ajudar a presidente Dilma Rousseff a ser reeleita.

Está tudo bem, segundo o presidente

A presidente Dilma Rousseff disse que entre 2010 e 2013, o governo investiu 212 vezes mais dinheiro em educação e saúde do que na Copa do Mundo. É assim que responde às manifestações de descontentamento dos brasileiros, que afirmam que o dinheiro da Copa do Mundo poderia ter sido melhor investido na educação e na saúde.

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Às vésperas da abertura e da primeira partida entre Brasil e Croácia, em São Paulo, o presidente acrescentou que os pessimistas perderam e que o ideal é que a Copa seja realizada na infraestrutura concluída a tempo.

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