Em São Paulo, milhares de brasileiros saem às ruas para apoiar Jair Bolsonaro

Em São Paulo, milhares de brasileiros saem às ruas para apoiar Jair Bolsonaro

Vários milhares de pessoas reuniram-se no domingo em São Paulo em apoio ao ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, alvo de uma investigação sobre uma alegada “tentativa de golpe de Estado”. Diante de seus apoiadores, ele denunciou sua inelegibilidade.

Milhares de brasileiros se reuniram no domingo, 25 de fevereiro, em São Paulo, em apoio ao ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que denunciou sua inelegibilidade durante esta demonstração de força.

“Não podemos aceitar que qualquer poder possa retirar alguém do cenário político, a menos que seja por um motivo válido. Não podemos encarar eleições desqualificando os adversários”, disse ele. lançado diante da multidão de seus apoiadores.

O ex-presidente, vestindo a camisa amarela da seleção brasileira de futebol, símbolo apropriado pelos bolsonaristas, foi declarado inelegível no ano passado até 2030 por desinformação.

Alvo de investigação sobre uma suposta “tentativa de golpe” para evitar sua derrota eleitoral em 2022 contra o atual presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, ele negou mais uma vez qualquer envolvimento.

“O que é um golpe? Tanques nas ruas, armas, conspirações. Nada disso aconteceu no Brasil”, afirmou, pedindo ainda “uma anistia para os pobres coitados que estão presos em Brasília” depois de terem saqueado os lugares de poder em janeiro. 8 de outubro de 2023, uma semana após a posse de Lula.

Em seu discurso ele também se autodenominou novamente “perseguido”. “Procuro a pacificação, apagar o passado e encontrar uma forma de viver em paz”, assegurou.

Apoiantes defendem ‘vítima de perseguição’

Também vestidos de verde e amarelo, cores do Brasil, seus apoiadores se reuniram em massa na Avenida Paulista, artéria emblemática da maior metrópole da América Latina. Os organizadores esperavam cerca de 500 mil pessoas.

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No meio da multidão, Wilson Aseka, que viajou cerca de 700 quilômetros desde o vizinho estado de Minas Gerais, tem certeza de que “Bolsonaro é uma pessoa honesta, vítima de perseguição”. O homem de 63 anos, com a bandeira do Brasil pendurada no pescoço, acredita que é “importante apoiá-lo, porque ele representa Deus, a pátria e a família”, lema do ex-presidente.

“O Brasil está com ele, não estamos preocupados com os outros, mas com o fato de ele nos representar novamente”, disse Giovanna Bruneta, advogada de 36 anos.

Em 8 de fevereiro, Jair Bolsonaro foi proibido de deixar o território brasileiro na sequência de uma operação policial em grande escala que teve como alvo vários ex-colaboradores próximos, incluindo ex-ministros e militares de alta patente, com dezenas de buscas e detenções.

Jair Bolsonaro, que se diz vítima de “perseguição”, manteve-se esta quinta-feira em silêncio perante os investigadores da Polícia Federal que o convocaram em ligação com este caso. Ele seguiu o conselho de seus advogados, que afirmam não ter tido acesso a determinados documentos do processo.

O ex-capitão do exército é também alvo de outras investigações, nomeadamente por suspeita de falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19 ou de alegada apropriação indevida de presentes recebidos de países estrangeiros, incluindo joias oferecidas pela Arábia Saudita.

Eleições municipais em outubro

Apesar destes escândalos, Jair Bolsonaro ainda é considerado o líder da oposição e continua adorado pelos seus apoiantes.

Mesmo tendo sido declarado inelegível até 2030 no ano passado por desinformação, o ex-presidente pretende usar sua influência para eleger aliados durante as eleições municipais de outubro, num país ainda muito polarizado.

Na Avenida Paulista, além do afluxo de seus apoiadores, a presença de figuras políticas da oposição deveria permitir avaliar a extensão do seu apoio.

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“Se houver muito apoio, ele poderá dizer que o povo está com ele. Caso contrário, perderá toda a legitimidade”, disse André Rosa, cientista político da Universidade de Brasília (UDF).

“Dia 25 vou para o Brasil. Será gigantesco!” publicado no X (ex-Twitter) deputada Bia Kicis, do Partido Liberal de Bolsonaro.

A manifestação é organizada entre outros pelo pastor Silas Malafaia, muito influente entre os milhões de evangélicos brasileiros, uma das bases da base eleitoral bolsonarista.

Bandeiras israelenses entre a multidão

Durante seu mandato, muitas manifestações de apoio foram marcadas por palavras de ordem contra as instituições brasileiras, notadamente o Supremo Tribunal Federal.

Foi um juiz deste tribunal superior, Alexandre de Moraes, quem autorizou a operação policial no âmbito da investigação da “tentativa de golpe”.

Em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, milhares de seus apoiadores saquearam locais de poder em Brasília, incluindo o Supremo Tribunal Federal.

Bandeiras israelenses também tremulam na Avenida Paulista, em sinal de desacordo com os comentários de Lula que no último domingo comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, provocando uma crise diplomática com Israel. O próprio ex-presidente agitou uma bandeira israelense no palco instalado em um caminhão.

Com a AFP

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