Ticino quer reduzir a população do mosquito tigre esterilizando seus machos. A Universidade Ítalo-Suíça de Ciências Aplicadas (SOPSI) pediu ao Escritório Federal para o Meio Ambiente (OFEV) permissão para realizar um estudo internacional, financiado pela Organização Mundial da Saúde, em colaboração com pesquisadores mexicanos e italianos.
A diretora do projeto, Eleonora Flacio, bióloga do Instituto Supsi de Microbiologia, considera essa abordagem “muito interessante”. “É uma tecnologia limpa e ecologicamente correta que não resolve completamente o problema, mas se integra bem ao sistema de controle já instalado.”
O objetivo da Organização Mundial da Saúde é reduzir o número de mosquitos-tigre, especialmente em áreas onde há epidemias e onde as pessoas morrem de invasores. “Aqui, no momento, ela está apenas atrapalhando. Mas contribui para a poluição ambiental. Para se livrar dela, os cidadãos usam inseticidas químicos nocivos”, observa o pesquisador.
Entre 1.000 e 3.000 mosquitos foram soltos
A esterilização acontecerá em Bolonha, na Itália, com mosquitos tigres do Ticino. Ela explicou que se tratava de criá-los em laboratório e transferir as larvas para raios-X. “Ao fazer isso, seu sistema reprodutivo é destruído, então quando eles acasalam, os ovos não serão fertilizados”.
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Se tudo correr bem, já neste verão, entre 1.000 e 3.000 mosquitos por hectare serão soltos de cada vez em Melide ou Morcote, ao sul de Ticino. “Escolhemos pequenos municípios isolados, margeados por um lago e montanhas, para evitar que os mosquitos de outros lugares enviem nossos resultados”, observa Eleonora Flacio, acrescentando que o Ticino – “que tem um dos sistemas de monitoramento mais eficientes da Europa” – é um bom laboratório para esta experiência.
O primeiro espécime foi identificado no território em 2003. Há mais de dez anos, graças à estreita cooperação com os municípios, a propagação do mosquito-tigre é contida com produtos biológicos larvicidas, destaca o especialista. “Até agora, sua presença foi limitada, agora queremos reduzi-la. E ela reconhece que impedir sua propagação é quase impossível.
estações de esterilização
A pesquisadora ressalta que o método de esterilização masculina não é novo. Os resultados preliminares têm sido muito animadores, principalmente no Brasil, Cuba, Malásia e Estados Unidos. “Quanto mais áreas você experimentar, melhor. No Ticino, queremos fazer um estudo aprofundado para comprovar a eficácia dessa tecnologia, que pode ser usada em outros lugares.”
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A maioria dos experimentos foi realizada nos trópicos, onde as doenças são endêmicas. “Fazer um experimento em uma região temperada é muito interessante para futuras aplicações na Europa”, ressalta Eleonora Flacio, especificando que, se o experimento for bem-sucedido, poderão ser construídas usinas de esterilização de mosquitos, gerando potenciais interesses econômicos por um produto ainda caro.