A ONG afirma ter rastreado a viagem de 816 mil toneladas de algodão de duas das maiores empresas agroindustriais do Brasil – a SLC Agrícola e o grupo Horita – no oeste da Bahia.
Pesadas responsabilidades legais
As famílias brasileiras proprietárias destas fazendas têm “um histórico pesado de processos judiciais, condenações por corrupção e milhões de dólares em multas por desmatamento ilegal”, denuncia a ONG. Desenvolvem suas atividades em parte da região do Cerrado, savana reconhecida pela riqueza de sua fauna e flora.
Estas toneladas de algodão desembarcaram depois em oito fábricas têxteis na Ásia, onde os dois gigantes da fast fashion, a espanhola Zara e a sueca H&M, se abastecem.
Todo esse algodão foi certificado como “sustentável” pela organização sem fins lucrativos Better Cotton (BC), segundo a Earthside. “Para garantir que o algodão é de origem ética, ambas as empresas dependem de algodão fornecido por agricultores certificados pelo Better Cotton, o sistema de certificação de algodão sustentável mais conhecido do mundo”, mas que apresenta “lacunas profundas”, lamenta Earthside.
Verificações reforçadas
A marca Better Cotton disse à Earthside que “confiou um auditor independente para realizar visitas de verificação reforçadas” na sequência do relatório da ONG. “Levamos muito a sério as acusações contra a Better Cotton, que proíbe estritamente práticas como usurpação de terras e desmatamento em suas especificações”, respondeu a Inditex (controladora da Zara). A Inditex solicita os resultados da investigação independente “o mais rápido possível”.
“A H&M não negou laços comerciais entre os seus fornecedores na Ásia” e o Grupo Horita e a SLC, mas “em vez disso enfatizou o seu compromisso de longa data com o fornecimento responsável de matérias-primas”, relatou Earthside no seu relatório.