Brasil “não estava preparado” para tais enchentes, admite Lula

Brasil “não estava preparado” para tais enchentes, admite Lula

(Canoas) Lula reconheceu segunda-feira que o Brasil “não estava preparado” para as históricas enchentes que atingiram o sul do país, uma tragédia que deixou pelo menos 147 mortos e continua devido a chuvas intensas e novas enchentes.


Num sinal de que ainda há tempo para a gestão da crise, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou sine die uma visita de Estado ao Chile prevista para esta semana, com o executivo citando a “necessidade de monitorizar a situação” e “coordenar a assistência” às vítimas da catástrofe.

Ele anunciou que viajaria ao Rio Grande do Sul na quarta-feira, pela terceira vez desde o início deste mau tempo sem precedentes, há duas semanas.

“Esta é uma catástrofe de uma magnitude para a qual não estávamos preparados”, disse o chefe de Estado durante uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outras autoridades, com a presença remota do governador do estado, Eduardo Leite.

Segundo a última atualização publicada segunda-feira pela Defesa Civil, 147 pessoas morreram, 806 ficaram feridas e 127 estão desaparecidas. Mais de 600 mil tiveram de abandonar as suas casas, incluindo mais de 77 mil em escolas e outros ginásios transformados em abrigos.

No bairro Harmonia, na cidade de Canoas, subúrbio da capital regional Porto Alegre, os moradores voltaram para suas casas para medir a extensão dos danos e resgatar o que ainda poderia ser salvo.

“Houve a enchente de outubro e agora esta. Perdi tudo”, diz Alcedir Alves, pedreiro de 58 anos.

Inundação recorde esperada

Esta importante região agrícola ainda oferece um espetáculo de caos, entre ruas alagadas, campos submersos, edifícios devastados e estradas cortadas.

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Novas chuvas intensas caíram ao longo do fim de semana na região, mais uma vez enchendo os rios e aumentando o temor de danos adicionais.

As chuvas diminuíram na segunda-feira, mas as autoridades locais pediram aos evacuados que não voltassem para casa, especialmente em Porto Alegre e arredores, onde o rio Guaíba pode atingir um novo recorde.

O rio, que faz fronteira com várias localidades devastadas, ultrapassou na segunda-feira os cinco metros pela primeira vez desde quinta-feira e continua a subir devido às chuvas do fim de semana. Segundo a Defesa Civil, poderá ultrapassar o pico histórico de 5,35 metros alcançado em 5 de maio.

Na Argentina também

As chuvas torrenciais, que os especialistas associam ao aquecimento global e ao fenómeno climático natural El Niño, afectaram mais de dois milhões de pessoas no total.

Entre eles estão pelo menos 80 comunidades indígenas, segundo o Conselho Indigenista Missionário do Brasil. O governo disse na segunda-feira que entregou kits de alimentos e água potável para 240 famílias em três dessas comunidades no Vale do Taquari.

A situação ficará ainda mais complicada com a chegada de uma frente fria que provocará a descida das temperaturas, alertou a agência meteorológica MetSul.

Em Porto Alegre, metrópole moderna de 1,4 milhão de habitantes, as autoridades devem realizar uma vasta operação para distribuir ajudas (água potável, remédios, roupas, etc.) de todo o país, mas também do exterior.

As famílias mais atingidas vão receber 2.000 reais (cerca de 360 ​​euros) para começarem a “reconstruir as suas vidas”.

Para ajudar na reconstrução, Lula propôs suspender por três anos o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União, dívida que se tornou um “torniquete insuportável”, segundo o governador. Esta medida terá de ser aprovada pelo Parlamento.

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As enchentes no Brasil também têm impacto além de suas fronteiras.

Na vizinha Argentina, cerca de 600 pessoas foram evacuadas da província de Entre Rios, no nordeste, devido à inundação do rio Uruguai, disseram as autoridades.

Na localidade de Concórdia, o autarca Francisco Azcué indicou que o pico era esperado para terça-feira e apelou à “calma” da população. “Obviamente vamos evacuar mais pessoas”, admitiu na rádio local.

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