Bolsonaro recebe medalha de “mérito indígena”, oposição se indigna

Bolsonaro recebe medalha de “mérito indígena”, oposição se indigna

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“É chocante que o governo que tenta permitir a mineração em terras indígenas, colocando em risco a própria existência desses povos, tenha a audácia de se premiar com medalhas de ‘mérito’ por todo o mal que fez. ‘ele fez “disse o deputado da oposição Alessandro Molon.

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu nesta quarta-feira a Medalha do “Mérito Indigenista” do seu Ministério da Justiça, uma condecoração “chocante” e “absurda” para a oposição e associações que defendem os direitos dos povos indígenas.

Esta distinção, anunciada no Jornal Oficial, é “um reconhecimento de serviços prestados por altruísmo, para o bem-estar, proteção e defesa das comunidades indígenas”. Vários ministros do governo Bolsonaro também foram condecorados, como o da própria Justiça, Anderson Torres, da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, da Defesa, Walter Braga Netto, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

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Sonia Guajajara, coordenadora da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), considerou “absurdo” o fato de o chefe de Estado receber a medalha do “mérito indígena” e garantiu na quarta-feira que sua associação tentaria reverter essa decisão na justiça. Um grupo de deputados da oposição, a Frente Parlamentar Ecológica, por sua vez, indicou que proporia uma moção para anular o despacho do Ministério da Justiça. “É chocante que o governo que tenta permitir a mineração em terras indígenas, colocando em risco a própria existência desses povos, tenha a audácia de se premiar com medalhas de ‘mérito’ por todo o mal que fez. ‘ele fez “disse Alessandro Molon, líder deste grupo parlamentar, em um comunicado de imprensa.

Não é realmente benevolente com os povos indígenas

Essa condecoração costumava ser concedida a intelectuais, como o antropólogo Darcy Ribeiro, ou a lideranças indígenas emblemáticas, como o cacique Raoni Matuktire. Este último acusou repetidamente Jair Bolsonaro de “perseguir” indígenas, destruindo seu habitat e violando seus direitos fundamentais. Durante um discurso na ONU em 2019, o presidente de extrema direita o acusou de ser o instrumento de governos estrangeiros.

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Raoni. © Christian Liewig / ABACAPRESS

Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019 prometendo que não iria recuar “nem um centímetro a mais” aos territórios reservados aos indígenas, que hoje representam 13% da superfície do país. O presidente brasileiro também se mostrou favorável à autorização de atividades mineradoras e agrícolas nesses territórios supostamente santuários invioláveis, mas já vítimas de desmatamento e garimpo ilegal de ouro.

No ano passado, a Apib apresentou queixa contra o presidente Bolsonaro por “genocídio”.

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Bolsonaro e seus apoiadores no parlamento estão tentando aprovar um projeto de lei que permite atividades de mineração em terras indígenas. Para os bolsonaristas, isso possibilitaria explorar reservas de potássio para compensar uma possível escassez de fertilizantes importados da Rússia devido ao conflito na Ucrânia. Mas uma associação que representa as principais mineradoras que operam no Brasil criticou o projeto na terça-feira, dizendo que um “discussão profunda” era necessário, especialmente com os representantes dos povos indígenas.

Com AFP

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