O acordo UE-Mercosul: esperanças e medos dos agricultores da Europa e América do Sul

O acordo UE-Mercosul: esperanças e medos dos agricultores da Europa e América do Sul

Saint-Symphorien-des-Boys, França: O francês Christian Pagard e a brasileira Sonia Bonato são agricultores, mas depois de 9.000 quilômetros os separando, eles veem um acordo comercial da UE de maneira muito diferente: a UE e o Mercosul.

Este acordo “pode ​​colocar em risco a agricultura francesa, porque não estamos de forma alguma nos mesmos níveis de exploração”, suspira Monsieur Bagard, criador de vacas Charolês em Saint-Symphorien-des-Bois, na Borgonha (centro-leste).

Na zona rural do Charolês Brionet-Terroir, o seu rebanho de 250 bovinos pastava oito meses por ano em pomares rodeados de serras.

A quinta da família, que já pertenceu ao pai e ao avô antes dele, cobre agora 145 hectares, distribuídos por vários terrenos.

Se o acordo entre a União Européia e os quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) for ratificado, ele teme que desapareça diante da “concorrência desleal” das grandes fazendas sul-americanas.

“Nós nos comparamos a fazendas de 5.000 a 10.000 cabeças, então não é a mesma forma de trabalhar”, diz ele.

“Isso vai facilitar a entrada de produtos que não respeitam as mesmas regras impostas aos produtores franceses”, principalmente no que diz respeito ao uso de fertilizantes químicos e à rastreabilidade da carne.

“Em algum lugar, é hipocrisia”, critica este membro da Federação Nacional Bovina (FNB), uma divisão da Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores (FNSEA), a principal federação agrícola da França.

– ‘É difícil conseguir renda’ –

Segundo ele, os pecuaristas franceses “já estão lutando para gerar renda” apesar da ajuda europeia da Política Agrícola Comum (PAC), enquanto o rebanho francês caiu 10% nos últimos seis anos.

L’inquiétude est de mise, à l’approche du sommet des chefs d’Etat et de gouvernement de l’UE e a Communauté des Etats d’Amérique Latin et des Caraïbes (UE-Celac), que fica a la semaine prochaine Bruxelas .

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O Mercosul concluiu um acordo comercial com a União Europeia em 2019, após mais de 20 anos de negociações.

Mas esse acordo ainda não foi ratificado, em parte por causa das preocupações europeias com o meio ambiente. Eles foram muito poderosos sob o presidente brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro (2019-2022) e continuaram desde sua saída, para grande desgosto do líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao poder em janeiro em Brasília.

O componente agrícola, em particular, planeja facilitar as exportações sul-americanas de soja, usada para alimentar o gado na França, ao mesmo tempo em que aumenta a parcela de carne do Mercosul que pode ser exportada para a Europa e seus 450 milhões de consumidores com tarifas reduzidas.

– ‘Bom produto’ –

Do outro lado do Atlântico, o acordo é sinônimo de esperança para Sonia Bonato, que há 27 anos cultiva soja em Ipamere, Goiás (centro).

A colheita da soja acaba de terminar, revelando a terra vermelha de sua fazenda, que ela administra com o marido, Neilton, onde também há um quintal e algumas vacas leiteiras.

No Brasil, a produção de soja é distribuída em três safras. “Para nós é uma segurança saber que vamos conseguir vender nossa produção (…). Não tem gente no Brasil suficiente para comer toda a comida que produzimos aqui.”

Diante das preocupações europeias com o meio ambiente, ela diz que as normas brasileiras são “muito rígidas” e são garantia de “um bom produto”.

Não mais de um terço dos 131 hectares são explorados, constituindo uma área protegida, principalmente próximo a cursos d’água, segundo a legislação brasileira.

Segundo ela, apenas uma minoria dos agricultores brasileiros desmata ilegalmente a floresta tropical, mas isso é suficiente para manchar a imagem do país no exterior.

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A senhora Bonato acredita que o uso de agrotóxicos ainda é necessário no Brasil, mesmo que ela diga que prefere mudar para produtos menos agressivos.

“Vivemos em um país tropical, onde os parasitas se multiplicam muito mais do que em países onde os períodos de geada fornecem proteção natural”, diz o agricultor brasileiro.

“Não podemos mudar tudo de uma vez porque nossa produção vai diminuir muito, e os produtos naturais não têm os mesmos efeitos. Essa mudança não é impossível”, conclui.

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